Caçada Semanal #108

Algum dia teria de acontecer. Depois de termos falado na semana passada desta nova abertura que a Switch está a providenciar com o seu mercado ainda não saturado ao desenvolvimento indie, chega-nos a oportunidade de fazer a primeira caçada semanal totalmente dedicada a jogos indies chegados à nova consola de sucesso da Nintendo.

Levels+: Addictive Puzzle Game

Já ninguém se lembra de 1024, nem o próprio autor provavelmente. Mas um jogo simples que se baseava na gestão de uma quadrícula com um espaço limitado, no qual uma série de quadrados nos obrigavam a jogar com conceitos aritméticos de somatórios em exponencial.

Levels+: Addictive Puzzle Game, vem beber desta influência, mas eleva a experiência de 1024 a algo mais próximo de um dungeon crawler-ish rudimentar (com muitas liberdades minhas nesta comparação). Substituindo os quadrados com números em exponencial por ladrilhos ilustrados, cada um representando um elemento diferente. Os monstros, a vermelho que são apenas derrotados pelos azuis, os heróis, que também podem apanhar as moedas nos ladrilhos amarelos.

O sistema de somatório de ladrilhos da mesma potência existe, ou seja, se juntarmos dois azuis de nível 1 ele passa automaticamente para nível 2. Para “derrotar” um monstro vermelho de nível 2 precisamos de um herói do mesmo nível ou superior, e o mesmo se passa com as moedas.

Levels+: Addictive Puzzle Game é muito simples como puzzle game, mas como o seu próprio nome indica, é muito viciante. Demasiado viciante até.

Vaccine

Há mais de vinte anos a noção de survival horror prendia-se directamente com tudo aquilo de bom, diferente e sólido Resident Evil conseguiu fazer. Continuar a ideia de jogos anteriores como Alone in the Dark e permitir que as potencialidades técnicas de então ajudassem a criar o ambiente profícuo para horas e horas de verdadeira tensão nos jogadores.

O género (e o mercado) evoluíram bastante desde então, mas este espírito original de Resident Evil perdeu-se nas agruras do tempo. Vaccine, do estúdio Rainy Frog tenta captar de volta toda a ambiência e jogabilidade típica e dar-lhe uma roupagem contemporânea.

Com geração procedimental de níveis e um stressante temporizador a lembrar-nos constantemente dos singelos trinta minutos que temos para conseguir encontrar a cura para o nosso amigo infectado, Vaccine tem boas ideias e boas aplicações de mecânicas correntes àquilo que é a nossa memória clássica de Resident Evil.

A morte é uma constante e uma recorrência, o que nos obriga a um grande cuidado em cada playthrough e uma gestão cuidada do XP que ganhamos em cada combate. O visual, esse, é igualmente reminiscente dos meados dos 1990s o que poderá afastar muita gente. Mas o seu desafio relativamente curto torna-o como uma excelente experiência tensa para a Switch.

I and Me

Possivelmente o jogo menos bem conseguido dos indies apresentados nesta semana, e cuja qualidade parece estar mais a par dos momentos mais medianos da eShop da 3DS e da Wii U do que o bastião de bons títulos indies que a Switch almeja em ser.

Em I and Me, o puzzle platformer criado pelo estúdio Ratalaika Games para a Switch temos de controlar dois gatos em simultâneo para que ambos alcancem as suas respectivas molduras.

A ideia de controlar dois personagens em simultâneo não é novidade e historicamente tivemos exemplos muito melhores da aplicação destas mecânicas, mas I and Me consegue ao longo dos seus mais de 90 níveis trazer algumas boas ideias de obstáculos para o tabuleiro, e que esbarra no chão com a tentativa de criar um estilo artístico distinto acaba por trazer-lhe alguma mediania como resultado.

Curioso como já chegámos ao momento em que mesmo indie devs sentem a necessidade de colocar uma grande dose de ajuda sob risco de frustrar os jogadores. Basta-nos carregar no X para vermos grande parte da solução de cada um dos níveis a desenrolar-se à nossa frente.