Como já disse várias vezes, e não vou discutir este assunto seja com quem for porque recuso-me a reconhecer opinião contrária, a Nintendo está sempre à frente dos outros. Para o bem e para o mal. É o que se chama um Trend Setter, um pouco como as estrelas de cinema e da música o eram antes de existirem estas pessoas no Twitter e Instagram que são famosas só porque sim e até têm programas de TV na MTV tipos as IT Girls, que eu pensei preconceituosamente assim que as vi “estas gajas não devem perceber nada de informática, mas vou-lhes dar uma hipótese!”. Preconceito ou não, a verdade é que ainda não vi nada que fale de tecnologias de informação, mas como vejo sempre isto sem som na TV começo a suspeitar que não são I.T. (dito ai-ti) mas sim IT (dito it), talvez um dia vá ao fundo desta questão.
Num ponto de vista com mais conteúdo útil, a Nintendo também marca o passo das modas mas de uma maneira ainda melhor, a do Hipster. Antes de algo ser assimilado pelas massas e aceite na sociedade em geral, a grande N já o fazia, antes de o Touch Screen, controles de movimento, e tantas outras opções estarem enraizadas na nossa sociedade já tinham sido apresentadas pela resistente companhia nipónica. Um desses casos, é o do chamado casual gaming, muitas vezes representados naqueles mini-jogos sem grande sentido que nos distraem nos transportes públicos ou salas de espera, ou até salas de familiares e amigos quando estamos aborrecidos. Longe de afirmar que é o primeiro, pois não faço ideia qual seja e não tenho tempo para fazer essa investigação agora que o Professor Machado está de sabática, WarioWare Inc.: Mega Microgames de 2003 para o GBA foi o primeiro que eu prestei atenção, e ainda hoje adoro jogar.
A sua fórmula simples de pick and play leva-me sempre aos dias da minha infância em que os jogos eram descomplicados, sem grandes efeitos ou necessidades, era só agarrar a consola, ligar e jogar. Claro que não nos era dado tudo de raiz, a maneira como a história (sim, o jogo tem um enredo) nos é contada, levando-nos a jogar os níveis de cada um dos personagens para chegar ao final é feito de uma maneira cómica, e o facto de os jogos serem quase sempre relacionados por temática visual ou de jogabilidade com estes pequenos episódios numa história maior, ajuda-nos a envolver neste mundo nem que seja por 5 minutos. Poder voltar a qualquer um deles, para fazer mais e melhor é o que me leva a regressar constantemente a este jogo.
É minimalisticamente perfeito no meu ponto de vista, mostra que qualidade não tem a ver com gráficos nem com gigas ou com multiplayer, a qualidade de um jogo está na sua capacidade de nos fazer sorrir, e este faz muito. WarioWare Inc. mostra também que jogos casuais podem ter mais que aparentam, e ser muito mais complexos e desafiantes que a maior parte dos AAA HardCore que a população compra a cada ano.
Há uma nota interessante em WarioWare Inc. que é ver a evolução deste personagem ao longo dos anos, tendo começado como vilão em Super Mario Land 2: 6 Golden Coins, passou a anti-herói com direito a mais que uma série de jogos com o seu nome, incluindo os WarioWare e WarioLand. Pode parecer um feito secundário, mas quando pensamos que não há jogos do Bowser, e do Yoshi há uns 2 isolados (Yoshi’s Island é um jogo de Mario). A Princess Peach tem 1 se não me falha a memória, e até na outra maior saga da Nintendo, Ganondorf continua apenas como antagonista e a titular Zelda continua a ser apenas uma menção na sua própria série de jogos, é um feito valoroso do que foi criado apenas como um “Bad Mario”.