Já muito escrevemos sobre a LucasArts, sobre a sua subida aos píncaros da glória e o seu eventual declínio culminando no encerramento do estúdio que nos deu obras tão saudosas que marcam grande parte dos nossos essenciais de uma ou outra forma.

Corria o ano de 2003 e algures nos escritórios da Planet Moon Studios um grupo de developers e equipa que faz jogos estava sentada sem nada que fazer até que alguém lhes disse:

– E se fizéssemos um jogo?

– Sobre o quê e de que estilo?

– Eh pah… lá estão vocês com merdas… façam o que quiserem!

Não sei se foi assim, mas na minha imaginação este foi o processo criativo que nos deu Armed and Dangerous, não só dos jogos mais insanos a sair pela edição da LucasArts. Ou de qualquer sítio, pensando bem no assunto.

De um ponto de vista técnico, Armed and Dangerous não é nada de especial, um Shooter na 3a pessoa com algumas falhas menores de jogabilidade mas de um ponto de vista de conteúdo, de história e diálogos é o filho bastardo de Top Secret, Aeroplano e um episódio de Monty Python Flying Circus.

Quatro mercenários, Roman (o único jogável) Jonesy, Rexus e Q, tentam salvar o reino do jugo de King Forge ao recuperar o Book of Rule, perdido por Rexus e seguindo uma das histórias mais deliciosamente parvas que já vi num jogo. As missões seguem a mesma linha de um filme de Monty Python, sendo a minha favorita o salvamento de uma ovelha. Porque era “muito especial” para o seu pastor. Nenhuma das outras “lhe dava” o mesmo…

O jogo é cheio de anacronismos como Zeppelins num mundo medieval, armas que disparam tubarões-torpedo, buracos negros ou até viram a gravidade. Tem um robot, Q, que é consciente e obcecado por chá, um homem-toupeira que adora explosivos e um ser estranho e mal cheiroso sempre rodeado de uma nuvem de moscas às quais ele se refere como o “seu único amigo”. Tudo faz pouco sentido mas mesmo assim qualquer momento tem mais lógica que a temporada 7 de Game of Thrones.

Armed and Dangerous não é genial pela sua jogabilidade pois esta é repetitiva em praticamente todos os níveis, mas é absolutamente brilhante como comédia com uma história e argumentos ao mais alto nível. Apesar de eu prezar o “jogo” no jogo acima de tudo, este é daqueles que eu esqueço essa parte para me deliciar com uma escrita fenomenal.