Os shoot’em ups estão de regresso em toda a força e velocidade. Entre os mais clássicos e aqueles que são uma espécie de cocktail numa festa académica, o género está a viver um momento de muita atenção, globalizado, com muita experimentação indie para além do mercado japonês que lhe foi ininterruptamente fiel.
Lançado recentemente, Pressure Overdrive é a continuação de Pressure, também pelas mãos do estúdio Chasing Carrots, que bem conhecemos há 3 anos e com o qual conversámos sobre o seu (então) lançamento Cosmonautica.
Pressure, que já não se encontra à venda no Steam, era uma divertida interpretação de Spy Hunter e Mach Raider adaptada aos dias de hoje, com o seu combate com veículos (onde o carro está sempre em movimento) se alia de forma curiosa ao shoot ‘em up.
Pressure Overdrive parece ser um duplo marco para o estúdio Chasing Carrots: por um lado servir para esquecer esse primeiro jogo lançado através da TopWare, e por outro aproveitar para completar o jogo, possivelmente numa mistura entre a sua visão e as sugestões de jogadores e media, que apesar de gostarem do jogo original apontavam algumas falhas em termos de longevidade.
Toda a construção visual de Pressure Overdrive é verdadeiramente deliciosa, a começar nas pequenas animações e cut-scenes – divertidas, que servem para contar a loucura do enredo, e que nos deixam a desejar por mais – até a todo o misto de cartoon arredondado com maquinaria destrutiva que o tornam fofo mas mortífero.
São 33 níveis e muitos bosses que temos de percorrer (ainda que o veículo ande sozinho) e que temos de sobreviver a todos os inimigos, saraivadas de tiros e mísseis e obstáculos colocados no nosso caminho para nos fazer despistar.
A customização do nosso veículo, e o nível de detalhe que este Pressure Overdrive possui em comparação ao seu defunto antecessor um maior leque de escolhas para artilhar o nosso buggy, num tuning meio steampunk que dava até para ir para a Vasco da Gama fazer um brilharete. Estas alterações não se limitam a alterar as características do nosso buggy, mas alteram também o seu aspecto em jogo.
Mecanicamente não existe nada que Pressure Overdrive traga aos twin stick shooters em veículos de combate, o que não significa que o facto de se manterem fiéis ao género implique obrigatoriamente um jogo mediano, muito pelo contrário.
O único problema palpável deste Overdrive e que chegou como herança ainda de Pressure é a sua monotonia, com a extrema repetição do cenário e do level design ao longo dos 33 níveis. Até em termos de combate pouco há que mude antes das boss battles e existe um sentimento excessivo de repetição que se instala e que degrada um pouco a óptima experiência que é percorrer Pressure Overdrive de fio-a-pavio.
Pressure Overdrive é um óptimo twin stick shooter/vehicle combat destinado ao sofá e que fica ainda melhor com o multi-jogador local. Com uma grande diversidade e um grande primor mecânico e visual, só deve ser jogado em sequências curtas, ou a clonagem progressiva de nível após nível faz-nos sentir que estamos num loop que não termina.