Antes que qualquer leitor nos possa corrigir, e visto que temos pelo menos duas pessoas na equipa que falam japonês, não, Senran Kagura não significa mamas. Significa aproximadamente “guerra dos distúrbios” segundo a sapiência omnisciente do Google e de uma série de utilizadores que o andaram a discutir em fóruns.
O facto de Senran Kagura significar mamas é metafórico, já que esta série de sucesso crescente parece vir ocupar originalmente o espaço deixado vago pela ausência de Dead or Alive no campo de “jogos em que temos personagens femininas com grandes glândulas mamárias a combaterem umas com as outras”. Senran Kagura parece mesmo seguir as pisadas pervertidas de DoA na tentativa de encontrar variações possíveis a jogos e spinoffs onde bustos avantajados encaixem, como um soutien custom-made.
Depois de um spinoff estranho que aliava um jogo de ritmo à culinária, Senran Kagura decide levar mamas para um local onde apenas lulas tocaram. Contrariando a tónica habitual da série de ter confronto físico semi-nu sempre que possível, Senran Kagura: Peach Beach Splash decide mergulhar num third person shooter de equipa, como se alguém decidisse pegar em Splatoon e achasse que as lulas têm tentáculos e roupa a mais, e que precisavam era de uma intervenção cirúrgica para ter mamas cada vez maiores.
A tinta de Splatoon é trocada por água, num clima de miss t-shirt molhada da Trafaria que tem apenas uma explicação: mamas. Aliás, quase todos os segredos do Mundo e do universo podem ser explicados dessa forma. Mamas.
É possível que na génese de todos os avanços dos diversos motores de desenvolvimento de videojogos esteja também o mesmo factor como modelo inspiracional. A forma como a física e a inércia estão a ser desenvolvidas não para jogos indie como World of Goo, que na prática aborda gosma, mas sim para títulos como Senran Kagura que usam toda a mestria técnica para mimetizar os efeitos de um par de seios a sofrer o efeito da gravidade.
O pessoal da Marvelous não se leva a sério, e ainda bem. O conceito por trás deste Senran Kagura: Peach Beach Splash é tão absurdo que nunca poderia ser menos interessante por isso mesmo. Há uma tradição milenar em que as maiores shinobi do Japão se têm de confrontar num desporto que utiliza espingardas de água como arma e em que o objectivo é derrotar os adversários molhando-as por completo. O que, cumprindo a história, significa que já no Japão feudal se usavam Super Soakers para andar a resolver problemas geopolíticos. E se a coisa desse para o esfreganço lá pelo meio ainda melhor.
É claro que esta ideia é apenas uma forma de despir o elenco de Senran Kagura e de mostrar mamas aos jogadores, num dos mais assumidamente over-the top fan services de que há memória. Mas todo o absurdo e a obsessão-perversão mamária de Senran Kagura: Peach Beach Splash com lutas com bisnagas é o spinoff perfeito para uma série tão tresloucada quanto esta. E acima de tudo consegue ser desavergonhadamente divertido.
E é possivelmente o jogo perfeito para quem acha que Splatoon 2 é bom mas é certinho demais. E que tem uma séria falta de mamas.