Escrever para o Rubber Chicken é um trabalho de paixão e que muitas vezes nos consome. Manter a qualidade a par da quantidade é algo complicado e que exige muito de todo o galinheiro. No entanto, de quando em vez, surgem pequenos oásis que nos alimentam o espírito e alma e nos renovam a motivação de continuar a escrever, mesmo que ninguém chegue a ler o artigo!

Normalmente e porque escrevo sobretudo sobre retro gaming, não surgem muitos momentos desses, mas hoje vinguei-me! Hoje tive a oportunidade de conhecer um dos meus ídolos de infância.

Desde miúdo que me lembro de ver Fórmula 1, um dos muitos gostos que me foram passados pelo meu pai. Durante os anos 1990, a Fórmula 1 era o desporto-rei em minha casa. Livros, revistas, jogos, TV, Miniaturas e outros colecionáveis. Não faltava lá nada.

Nomes como Alain Prost, Damon Hill, Michael Schumacher, Gerhard Berger, Rubens Barrichello e Ayrton Senna eram mais familiares para mim que qualquer jogador de futebol. Em 1992 joguei pela primeira vez um dos mais marcantes simuladores de condução, o Formula One Grand Prix – Microprose. Qual não foi o meu espanto, quando no meio dos nomes que sabia de cor, surge um português: Pedro Matos Chaves.

Na altura não me recordava de alguma vez ter visto um português ao volante de um Fórmula 1, contudo, se existia um piloto português, a escolha era óbvia, nem que fosse por uma hora por dia (o limite de tempo autorizado pelos meus pais para jogar) – eu era esse piloto. Verdade seja dita, ao contrário do meu pai que dominava as pistas virtuais, eu era um verdadeiro nabo. Não estava habituado ao nível de “realismo” e por isso, passava mais tempo com o carro na relva do que em pista.

Um dia algo extraordinário aconteceu! Estava o meu pai a ver o início de mais um grande prémio, quando na televisão surge um nome que me chamou a atenção – Pedro Lamy. Um português!? Na Fórmula 1!? A correr com o Alain Prost, o Michael Schumacher e o Ayrton Senna!? Se já era fã de formula 1, nessa altura não perdia uma prova! Desde os treinos cronometrados, às qualificações e até ao grande dia da corrida, os meus olhos estavam pregados ao ecrã!

No dia 12 de Novembro de 1995 acontecia história na TV e eu assisti em direto!

Pedro Lamy contra todas as probabilidades, acaba o grande prémio de Austrália (Adelaide) em 7º lugar, tendo partido de 18º e conquistando o primeiro ponto de um piloto português na F1. Tudo isto ao volante de um carro que nem sequer tinha desenvolvimento por parte da sua equipa (Minardi-Ford). Infelizmente para os fãs, o nosso melhor e mais premiado piloto de sempre no desporto automóvel, nunca teve a verdadeira oportunidade que merecia e a sua passagem pela Fórmula 1 apesar de histórica, durou apenas 3 anos.

Mas a F11 foi apenas um dos muitos desportos automobilísticos em que se destacou. Das motos, aos karts, passando pela formula 3000, DTM e varias provas de 24h, o palmarés de Lamy é verdadeiramente invejável! Hoje tive o enorme prazer de conhece-lo. E se isso seria já o bastante, o que se seguiu foi muito para alem do que alguma vez poderia imaginar.

Num evento de demonstração do Grand Turismo Sport, para o qual fui em representação do Rubber Chicken, a convite da PlayStation Portugal, tive uma das melhores experiências da minha vida: dar 2 voltas ao mítico circuito do Autódromo do Estoril acompanhado pelo meu ídolo de infância: Pedro Lamy!

BRUTAL!!!! Poderia agora passar horas a descrever a sensação de estar no Caterham Seven conduzido pelo Lamy no autódromo do Estoril, mas o dever e o bom senso (aka Alexa Ramires) obrigam-me a focar no objetivo em mãos, o Grand Turismo Sport.

QUE JOGÃO!!! Quando em entrevista, questionam o vosso piloto de eleição sobre o realismo deste simulador e este vos diz, e passo a citar: “serve perfeitamente para conhecer as pistas e chegar lá e começar logo a andar bem!”, algo foi de facto muito bem feito! Num jogo feito para tirar o máximo partido da versão PRO da PlayStation nada foi deixado ao acaso. Sei que ao lerem isto e ao verem as specs do jogo, muitos se vão queixar da quantidade de carros e/ou pistas mas num simulador deste nível, menos é de facto mais.

O grafismo é deslumbrante, de tal forma facilmente nos esquecemos que estamos perante um jogo. Mas, tal como diz a astrofísica Sophia Nasr: “Everything happens for a reason, and that reason is usually physics”. A Física deste jogo é algo nunca antes visto. Depois de ter dado 2 voltas ao autódromo num Caterham Seven conduzido por Pedro Lamy (não sei se já vos tinha dito) e de me sentar no simulador a conduzir nessa mesma pista, o detalhe de cada elevação e depressão no asfalto, estavam lá e eram sentidos da mesma forma!

Gostaria de vos poder falar mais sobre a interação com o VR mas infelizmente por questões físicas, não consegui testar. Para um primeiro encontro, não podia ter corrido melhor. Espero em breve poder jogar mais e dar-vos um feedback mais completo sobre a mais recente iteração desta mítica série.

Resta-me apenas agradecer novamente à PlayStation Portugal por mais uma magnífico evento e ao Pedro Lamy (o melhor piloto português de todos os tempos) por realizar um sonho de infância e à minha mulher Alexa Ramires, que mais do que aceitar as minhas loucuras interessar-se por elas como se fossem suas!