Tinha acabado de escrever o meu mini-artigo sobre Ducktales e pensava em quantas vezes a propriedade intelectual de livros, filmes, ou neste caso séries é tão mal aproveitada para um jogo. Não é o caso de Ducktales que é uma das raras excepções à regra, e comecei a pensar em quantas propriedades podiam ser bem aproveitadas para fazer jogos, e não são.
Lembrei-me depois que a Alexa já tinha falado e nisso e depois do seu original, e da sua sequela, tomei a liberdade de pegar no título dos seus artigos e fazer uma trilogia. Como quando a saga Terminator passou do T2 para o Rise of the Machines, sob uma tutela diferente, mas sem fazer um reboot ao original. Falando nisso…
ReBoot
Começo já a fazer batota porque há um jogo de ReBoot, essa série de meados dos anos 1990 que toda ela é tema para um óptimo jogo de vídeo, porque se passa dentro de um computador. As aventuras de Bob, Dot e Enzo Matrix contra Megabyte e Hexadecimal tinham tudo para ser um grande jogo de aventuras mesmo que apontadas para um público mais infanto-juvenil o jogo de acção para a Playstation deixou muito a desejar. Um bom action platformer 3D, com uns níveis de shooter caíam neste mundo como ouro sobre azul.
ReBoot, não era uma série de animação que vá marcar a grande população, não era um Batman: The Animated Series, mas foi um feito considerável para a sua época, em que criar uma série em CGI era uma aposta arriscada, talvez tenha sido feita um pouco antes do seu tempo, mas abriu caminho a outras como Transformers: Beast Wars e todas as séries em CGI que enchem os canais de TV infantis hoje em dia. Já agora por falar em coisas muito à frente do seu tempo…
Captain Power and the Soldiers of the Future
Outra pequena batota porque tinha um jogo também, apesar de diferente mas já lá vamos. Se ReBoot saiu um pouco antes do seu tempo, Captain Power and the Soldiers of the Future foram um Lamborghini Countach muitos anos antes de Henry Ford ter comercializado o modelo T. Para quem não percebe de carros, era um F-14 antes dos irmãos Wright terem voado, ou um Mario 64 enquanto toda a gente jogava Pong. Estamos a falar de uma série de TV em há 30 anos com montes de cenas em CGI e com humanos numa só imagem. Sim eram rafeiros mesmo nesses dias, mas eram um feito brutal.
Todo o universo de Captain Power pede um jogo. Saiu um para Commodore Amiga quando a série saiu na TV e (apesar de não ter aparecido em Portugal) também havia brinquedos interactivos para disparar contra os vilões da série enquanto víamos os episódios. Tipo quando a SIC fez aquela cena do Dot, mas em bom. Um bom Co-op hack and slash multiplayer, mas com lasers e tiros, ou a solo no estilo de um Destiny Fighters onde o único objectivo é pegar no nosso homem (ou mulher no caso da Pilot) mega força militar e ceifar hordas de Bio-Mechs de Lord Dread era perfeito. Andam a tentar fazer um remake da série chamado Phoenix Rising mas está no limbo de produção há anos, pode ser que se sair daí traga um bom jogo consigo. Não fugindo muito da temática podíamos dar um salto para uma das minhas séries de animação favoritas em miúdo.
The Centurions
Esta série de animação criada nos estados unidos era semelhante a Captain Power em muita coisa, os heróis também tinham fatos especiais que os ajudavam a ser melhores que “meros humanos” na sua luta contra os ciborgues de Doc Terror. Aqui tenho que fazer duas paragens, uma para dar os parabéns à malta que trabalha em escrita nos anos 80 porque os nomes que criavam eram genialmente inspirados. E a outra para ponderar de um modo introspectivo sobre o facto de duas séries que tentam mostrar como o ser humano era superior a máquinas, tinha que aumentar as suas capacidades com máquinas…
As aventuras dos 3 heróis originais da série davam um bom jogo de plataformas 2-D, porque como cada um tinha as suas especialidades e terreno (Terra, Ar e Mar) uma aventura gigantesca em que teríamos que fazer mundos diferentes com cada um e depois um nível final em que podíamos usar todos, além de ter acesso aos seus fatos e utilidades dos mesmos durante o jogo funcionaria bem, mas melhor ainda era que este jogo fosse agarrado pela Platinum e lhe dessem o mesmo tratamento que deram a Transformers: Devastation eu ficaria muito feliz. Acho que até o lendário Jack Kirby (criador de X-Men e tantos outros) que criou esta série e personagens ficaria.
Fugindo de séries gostava, de pegar num livro como base de um jogo. Tal como pegaram em Geralt e fizeram os The Witcher, algo que na altura podia ter sido considerado um erro, mas tornou-se um sucesso inegável.
Neil Gaiman é o meu escritor favorito, provavelmente dos meus 10 livros favoritos 5 são dele, mas o primeiro pertence a um tal de S. Morgenstern e foi adaptado por William Goldman.
The Princess Bride
Um Open-world RPG em que vivemos aventuras entre Guilder e Florin seria um sonho. Eu não me importava que o nosso personagem não fosse o Westley, podia ser um random criado por nós, mas durante o jogo encontraria-mos os personagens e locais mais marcantes do livro. Westley e Buttercup, Inigo Montoya e Fezzik, escalar os desfiladeiros da Perdição ou lutar contra roedores de tamanho invulgar no Fire Swamp. Estar quase morto! Que é muito diferente de estar completamente morto. Não percebo porque nunca aproveitaram este mundo tão rico para fazer um jogo.
Se o livro/filme tem tudo para uma história boa, acção, romance, mistério, aventura, também tem conteudo que dê para fazer um jogo. É possivelmente dos filmes mais citados do história do cinema, e a única coisa que teve direito foi a um jogo mobile ranhoso sem o mínimo interesse…
Para terminar, já que levantei o assunto do meu autor favorito:
Sandman
É preciso dizer mais alguma coisa?
O meu ponto é este, mesmo sabendo que há problemas com licenças e outros aspectos legais, com tanta história e temática boa por aí porque não fazem jogos novos em vez de estar constantemente a refazer os mesmos. Uma mudança de aparência ou personagens já era muito bom. Talvez quando o Assassin’s Creed 24 ou o quinquagésimo remake de Tomb Raider, Call of Duty ou outro não vendam os produtores comecem a olhar para novas fontes de inspiração.