… provavelmente passaram mais tempo a fazê-lo do que a chegar ao fim do jogo

Lançado há pouco mais de um mês pelos estreantes Painted Sky Studios, Arkaia, The Enigmatic Isle tem um daqueles títulos que revela bastante sobre o jogo. Reparem: passa-se numa ilha enigmática que, ao que tudo indica, se chama Arkaia.

Em termos de revelações, estamos, portanto, conversados. O jogador começa numa praia, com o mar a lamber-lhe os pés. Não se vêem toalhas de praia, beatas semi-enterradas ou guarda-sóis, pelo que podemos desde logo depreender que não nos encontramos em nenhuma praia Algarvia. As hipóteses de ouvir um “BOLIBERLI” distante revelam-se ínfimas.

O omnipresente ponteiro do rato que é uma mão. O enigma de podermos definir 3 tons de pele diferentes para o ponteiro, num tempo de political correctness que ainda me deixa confuso.


Num verdadeiro desafio às mecânicas convencionais, este first person exploration game recusa-se a seguir mecânicas básicas de first-person. Nada de saltar. Nada de sequer se mover com WASD ou com as teclas direccionais do cursor. Mas relaxe, caro leitor. Não se passa nada com o seu televisor, digo, computador. Sente-se e relaxe, usando o rato. Explore os meandros da enigmática ilha que se chama Arkaia. Clique perto do centro do ecrã e irá para lá. Clique nas laterais do mesmo e a sua personagem virar-se-á cerca de 90 graus nessa direcção. Enigmático, huh?

Devia haver um código deontológico para náufragos que os obrigasse a ter uma caligrafia apresentável.

Percorrendo uns sinuosos caminhos ladeados de vegetação tropical e seguindo as indicações de um conjunto de cadernos numerados escritos num alfabeto próximo do esparguete, por alguém que terá explorado Arkaia (a ilha enigmática!) antes de nós, vamos explorando, encontrando e resolvendo alguns puzzles que nos ajudem a cumprir o desiderato de abrir um – também ele enigmático – portão. Sim, há um portão ali à saída da praia. As razões para um povo enigmático colocar um enigmático portão à saída da praia? Não sabemos. São um enigma, portanto. E um enigma que fica sem resposta, uma vez que esta versão do jogo acaba aí, quando abrimos o enigmático portão da enigmática ilha chamada Arkaia.

Not you, Enigma!

Por menos de 2 euros, não podemos dizer que seja dinheiro deitado fora, mas o tempo de jogo não chega a uma hora. E é uma hora em que se passa mais tempo a lutar contra o pouco intuitivo interface de point and click do que a vibrar com a exploração de uma ilha que é, não sei se sabiam, enigmática.