À caça com a Switch – parte II

Caçada Semanal #123

Já que a vaga de indies a chegarem à Switch, como dizíamos, ameaça tornar-se um caudal insustentável, trazemos esta semana mais 3 indies que caíram na consola híbrida da Nintendo e que merecem ser experimentados. E se há poucos meses o número de jogos disponíveis ainda permitia um número engraçado de vendas, a saturação da eShop começa a tornar a pequena tábua de salvação indie da Switch com tamanho para albergar apenas a Rose. Desculpa, Jack, hipotermia-me como uma das tuas raparigas francesas.

Litchspeer: Double Speer Edition

Não é novidade a quantidade de jogos lançados para o Steam e que parecem ter aqui uma segunda hipótese de beliscar o sucesso. O exemplo disso é este Lichtspeer, que se não fosse o lançamento para a Switch eu nunca teria sequer percebido que existe para PC. Ainda que mergulhemos semanalmente em muitos e muitos jogos indie, perante as algumas centenas que são lançados por semana é uma grande probabilidade que muitos e bons jogos nos passem por entre os dedos sem que os percebamos.

Litchspeer consegue a maravilha de ser saudavelmente louco, tanto do ponto de vista conceptual como visual. Misturar mitologia nórdica com uma direcção artística cheia de cores que envergonhariam as minhas cadernetas de cromos dos 1980s, somados com muitas formas geométricas e figuras angulosas, que ajudam a criar um excelente setup para este jogo.

Mecanicamente, simples. Temos de atirar a nossa lança (ou lance, se contarmos com a gralha propositada de speer) em arco, contando com a física da coisa, e dessa forma derrotar os muitos inimigos com os quais nos cruzamos. Uma ideia simples mas tão bem “empacotada” com a maravilhosa apresentação de Lichtspeer que o torna numa aposta certa para a Switch.

Semispheres

Se Litchspeer é um caso de jogos transportados do PC sobre os quais nunca ouvimos falar, Semispheres também o é, com uma pequena diferença: já tínhamos falado sobre ele em Março. E depois de rejogármos na Switch a opinião volta a ser a mesma. Se o jogo pode ser repescado de outra plataforma, arrogo-me o direito de repescar 2 parágrafos desse artigo para o descrever.

Entre um misto geométrico de dois mundos paralelos mas simultaneamente simétricos, Semispheres coloca-nos a controlar duas esferas coloridas em simultâneo: uma laranja, na metade esquerda do ecrã, e uma azul na metade direita do mesmo. O objectivo de cada puzzle é conduzir as duas esferas ao mesmo ponto nos seus lados respectivos, como se fizéssemos uma sincronização/união das duas esferas em dimensões paralelas.

Com mecânicas curiosas e aberturas para as duas dimensões, e múltiplas formas como uma esfera consegue influenciar o “mundo” da sua simétrica, é verdadeiramente deliciosa a forma sucinta como Semispheres nos consegue dar verdadeiros nós no cérebro, e testar a nossa perícia e controlo mão-olhos levado ao extremo, com um exercício de puzzles digno de um baterista.

36 Fragments of Midnight

Para quem tem sentido que quase tudo o que reluz na Switch, é ouro, 36 Fragments of Midnight surge para nos mostrar exactamente o inverso. Por vezes o que reflecte a luz até pode ser latão.

Não é que 36 Fragments of Midnight seja mau, mas é banal. Tão banal como milhentos puzzle platformers minimalistas que existem pelo Steam, com os quais todos nós nos cruzámos e que não tem nem identidade, nem qualidade para raspar sequer a barreira do memorável.

E não, dar o nome de Midnight a um protagonista-que-é-um-quadrado não o torna melhor que os infinitos protagonistas-que-são-um-quadrado que já andam por aí.