Já aqui se falou sobre o quão é importante o detalhe no que toca a recriar uma experiência imersiva e memorável para todos os participantes. Como exemplo disto temos o role-play associado a cada personagem com que os jogadores se cruzam e toda uma variedade de músicas ambiente.
Contudo, tenho andado pessoalmente interessado em levar as coisas a um outro nível, mas antes de o referir, queria apenas abordar uns outros aspectos cuja implementação ajuda o DM/GM a conhecer melhor o seu próprio mundo e posteriormente a decidir como o apresentar aos jogadores.
1: Existem deuses?
Esta é uma questão importante a esclarecer porque há sempre a possibilidade de ter um jogador que quer jogar como uma personagem que se mostra devota a uma certa entidade. Neste sentido, é importante decidir se deuses fazem parte do mundo. Depois de decidir isto podemos ramificar a questão: estamos a falar de um panteão ou de um único deus? Fala-se abertamente sobre ele(s) ou é algo tido como proibido? O(s) deus(es) habitam num plano de existência paralelo ou caminham por entre os mortais?
2: Existe magia?
Isto também vai afectar o tipo de personagem que os jogadores poderão escolher, uma vez que algumas classes dependem muito fortemente dela. Neste sentido, é importante decidir se ela existe ou não, e se sim, de que forma? É algo esotérico e ao mesmo tempo ao alcance de todos? É algo raro e ao qual só alguns conseguem ter acesso, ora por dom natural ou através de longos anos de estudo? É algo que se obtém somente através da recolha de minerais específicos, ou é uma prenda dos deuses (já dá para perceber que as perguntas se vão interligando)?
3: Como é que o mundo está politicamente estruturado?
Não precisa de ser o mundo num todo, embora não seja propriamente impossível. Ainda assim, cada região pode ser governada de uma maneira distinta, o que nos dá várias hipóteses quando chega a altura de escolher. Apesar do alcance de uma região, é sempre possível que as cidades e aldeamentos que a compõem sejam geridos de forma diferente. Enquanto que todos respondem a uma família real, cada cidade é gerida por um grupo de conselheiros mais ou menos autoritários e com mais ou menos liberdades. Assim sendo, estamos a falar de uma família ou de uma entidade independente? Um regime totalitário ou nem por isso?
É importante referir que a forma como as decisões são tomadas vai influenciar a persepctiva entre reinos/cidades vizinhas, possibilitando, ou não, a realização de trocas comerciais, parcerias e até mesmo alianças.
4: Como é que o tempo passa?
É aqui que o meu novo interesse entra. Nalguns sistemas, a passagem to tempo tem uma maior importância que outros, afectando directamente o número de pontos de vida que as personagens recuperam bem como as suas habilidades. Contudo, tal não precisa de ser apenas mecânico, podendo muito bem ser um extra para algo mais apelativo e interessante.
Na possibilidade de termos deuses no mundo, reinos que se erguem majestosamente e outros que se transformam em cinzas, diria que faz apenas sentido que fiquem registados em algo mais que meras memórias. Estou a falar de feriados e datas festivas, o que por sua vez me leva a falar em calendários.
Um calendário é a forma perfeita de descrever como é que todo o mundo está estruturado e qual a sua história. Nele ficam registados todos os dias santos alusivos às mais variadas divindades bem como os marcos históricos de maior relevo. Para não falar que vai permitir aos jogadores cruzarem-se com elementos únicos apenas porque visitaram uma determinada área numa determinada data.
É uma excelente forma de trazer os jogadores para a história e deixar-lhes aquela pontada de curiosidade para explorar o mundo. E no que ao DM/GM diz respeito, é também uma grande ferramenta para tomar notas e para tratar de preparar o que virá a seguir.