O mundo está muito diferente do que aquele em que cresci. O mundo está diferente daquele em que estava há 15 anos! Nunca pensei eu estar a escrever um texto num aparelho que me cabe na mão e poder publicá-lo online em menos de dois segundos. Em alguns aspectos acho que o que mudou mais foi mesmo isso, a acessibilidade, o facto de estar tudo ou quase tudo à mão de semear de um momento para o outro. Quando éramos crianças e jovens não tínhamos artigos sobre jogos em vários línguas à nossa escolha tínhamos que esperar pelo menos um mês para ir buscar uma revista à tabacaria ou quiosque mais próximo. Vídeos então? Só no Templo dos Jogos…
Video-clubes, lojas de música, tudo era mais lento assim como a nossa gratificação. Não havia nada que valesse a pena esperar tanto como os desenhos animados de sábado de manhã. Hoje, entre canais que debitam aventuras animadas quase 24/7, serviços streaming e outros meios menos lícitos, crianças como a minha Zelda nunca vão saber o que era esperar por um sábado e acordar de madrugada (coisa que nunca fazíamos de boa vontade para ir para a escola) para ver as aventuras dos nossos heróis. Aventuras parvas e sem sentido muitas vezes, mas algo que devorávamos avidamente tal e qual como era intenção dos seus criadores pois eram nada mais que publicidade de brinquedos com 20 minutos de duração.
Auto Age: Standoff vai buscar o espírito dessas aventuras de sábado de manhã tem tudo lá, inclusive um vilão cadavérico e a banda sonora pop/rock que apesar de não estar ao nível de um “You’ve got the touch” é bem boa, falta-lhe apenas uma mascote irritante tipo Snarf e uma moral de “vamos ser todos amigos no final do episódio”
Em 2070 e coiso, Val Vega era uma piloto de arena num futuro pós apocalíptico até que a sua irmã foi morta por Bonecrusher num desses jogos. Uma década mais tarde junta-se a Saige, uma inteligência artificial que ajuda a humanidade a recuperar a civilização mas o mundo é atacado por gangues motorizados liderados por Dark Jaw e os seus Jawlings. Cabe a Val, Saige é um punhado de intrépidos pilotos salvar a humanidade destes vilões!
O texto é meu mas podia ser a introdução de um episódio de desenho animado. Não é muito diferente do que nós é apresentado no final do tutorial deste MOBA. Acho que é um MOBA… andamos a solo ou em equipa a lutar contra outros jogadores online ou em multiplayer local nos estilos clássicos de jogos de arena usando carros de várias categorias e alguns estilos dependendo da nossa equipa/clã. Infelizmente esta é a maior falha de Auto Age: Standoff que se multiplica em mais. É um Arena Battle Game, prefiro chamar-lhe isto um ABG.
Sendo um ABG, mesmo não tendo falhas de grande porte é apenas mais um num mercado super saturado em que ele apenas se destaca pelo seu ambiente e universo. Infelizmente a equipa de produção não aproveitou isto para explorar um modo single player mais extenso. Nem seria preciso muito trabalho (tal como os desenhos animados dos anos 80) podiam dar missões como no tutorial variando apenas o cenário, objectivo e tipo de missão com os tipos de jogo. São 3 variáveis que se multiplicariam exponencialmente. Infelizmente um jogador a solo apenas pode lutar contra bots genéricos.
Infelizmente, o jogador é mesmo obrigado a fazê-lo porque como em muitos destes multiplayer online desconhecidos, é virtualmente impossível encontrar um servidor disponível para jogar, tentei várias vezes e o único que encontrei estava bloqueado.
Auto Age: Standoff não é mau, podia ser bem melhor se tivessem aproveitado o seu potencial, mesmo a €9.99 não o consigo recomendar pela falta de um sólido single player. Infelizmente, porque é bem divertido.