TrES-2b é a aposta mais recente da BeagleGames, um top-down shooter em que temos de sobreviver a vagas de inimigos insectóides constantes, após uma aterragem de emergência num planeta inóspito e hostil. Pelo caminho, enquanto esperamos que o nosso R2-D2 pessoal acabe o trabalho de reparação da nossa nave, temos um aspecto muito leve de survival game com recursos bastante limitados, e um sistema de progressão baseado em upgrades à nossa armadura e armas. Tudo bastante simples, mas com profundidade suficiente para justificar o preço do jogo e fornecer alguma diversão à primeira vista… Será?

Aposto que o Luke se divertiu mais em Dagobah com o Yoda…

As aparências iludem…

No entanto, o que pode parecer simples, rapidamente desce pelo buraco do Coelho do País das Maravilhas, se tentarmos perscrutar mais profundamente a questão: “O que faz um jogo ser divertido?”. A resposta a esta questão é subjetiva e muito pessoal. No entanto, há certos aspectos do design de um jogo que não podem ser descurados… nomeadamente a responsividade dos controlos, a facilidade de leitura dos menus e ícones, a sensação de desafio e progressão aliadas a um ritmo não muito lento, para evitar frustrações, mas também não muito rápido, para poder oferecer obstáculos que motivem o jogador sem o aborrecer. A denominada curva de aprendizagem. Outros aspectos poderiam ser mencionados, como o game feel, uma combinação de todos os componentes audiovisuais com a própria jogabilidade e opções de escolha do jogador, que contribuem ou não para a imersão no jogo, entre muitos outros pontos.

Não me alargando em demasia, é na progressão da dificuldade do jogo e da nossa personagem que TrES-2b falha. A direcção sonora e gráfica não são nada de outro mundo, mas refletem o ambiente opressivo e hostil do jogo. O HUD é fácil de ler e limpo, permitindo-nos concentrar na nossa sobrevivência num planeta freneticamente hostil. Sim, frenético é o adjectivo adequado pois assim que começamos o jogo não há qualquer introdução aos sistemas nem aos objectivos. Apenas aparece um temporizador que mostra o tempo que temos de sobreviver. Imediatamente somos atacados por hordas de inimigos tendo de fugir ao mesmo tempo que os cravamos de balas que rapidamente acabam. Isto leva-nos à procura de mais balas enquanto continuamos a fugir. Cedo encontramos turrets invulneráveis que nos podem ajudar a matar os inimigos, mas que também nos matam a nós em poucos segundos.

Inimigo Público número 1, torres da morte

Não convence

Todas estas peças encaixam para formar uma primeira impressão horrível, pois colocam-nos numa situação em que morremos constantemente sem sentir qualquer progressão na nossa capacidade de lidar com o que o jogo nos atira à cara. Não há 8 neste jogo, não há aceleração nem picos de intensidade. O jogo começa a 80 e nunca desce daí. Este tipo de design, quando propositado, pode ser um chamariz ou uma arma no coldre do developer. No entanto, em TrES-2b, a aplicação é fraca e parece mais preguiçosa do que intencional. O jogo faz juz ao nome, pois TrES-2b é o planeta mais negro da nossa galáxia e a coisa está preta para estes lados…não se recomenda, nem ao preço de 0,99€ na Steam, pois é uma experiência frustrante, sem rumo aparente. Podem experimentar o Radar Warfare, se quiserem uma experiência barata e difícil, mas muito mais divertida.