Foram várias as invenções que, a bem ou a mal, mudaram o mundo e o impulsionaram para a frente, o fogo, a roda, TNT, ou o fecho éclair. Todas elas importantíssimas mas para mim não há invenção como a locomotiva a vapor, não só permitiu o desenvolvimento de outros meios de transporte no futuro como conseguiu a proeza de encurtar o mundo tornando locais distantes muito mais acessíveis. Railway Empire, o mais recente jogo de gestão de caminhos de ferro dá-nos acesso a esse mundo distante e coloca nas nossas mãos as ferramentas para o cobrir de aço, fogo e fumo.
O meu gosto por comboios é quase tão grande como o que tenho por jogos de estratégia e gestão, portanto o meu interesse em Railway Empire era elevado, este jogo vai beber a sua inspiração à fonte dos melhores: a série Railroad Tycoon de Sid Meyers, contudo foi com tanta sede à fonte que não só partiu o cântaro como caiu no chão como deu cabo da cremalheira. Não é que seja um mau jogo, é um jogo bom dentro do seu campo e do que quer fazer, mas apenas isso é bom, não é muito bom, não é genial.
O maior problema de Railway Empire é que fica aquém daquilo que promete. Não falo de anúncios e declarações dos developers, é o jogo mesmo que promete mais do que entrega, porque aqui e ali vai tendo pequenas falhas, que em vez de serem corrigidas nem sequer deviam acontecer, como por exemplo no modo campanha onde temos o tutorial mas se não fizermos tudo exactamente como o jogo exige não passamos para a parte seguinte, em certos jogos não seria um problema, mas este estilo devia dar uma certa liberdade de imaginação ao jogador, não o fazendo consegue ser muito frustrante. Aliado a esta falta de liberdade está uma navegação pouco user-friendly, os menus e toda a movimentação no mapa é pouco intuitiva e muitas vezes exageradamente confusa por ter passos a mais para uma certa acção ou não ter passos específicos para outras.
Outro problema é que num jogo em que o tema principal é a ligação das duas costas e vasta rede de caminhos de ferro nos Estados Unidos da América, a fundação da conquista do território que se tornou uma das nações mais poderosas do mundo governadas por ignorantes, não nos é permitido jogar em toda a extensão do mapa, podemos escolher secções e jogar nessa secção apenas, sem hipótese sequer de “atacar” outras zonas temporariamente, ou o mapa todo, estamos limitados a uma zona apenas. A rede de caminhos de ferro deve ser feita de um modo inteligente, com todas as ligações feitas ao pormenor mais pequeno, cruzamentos de linha, passagens por centros de mercadorias, postos de reabastecimento, até que locomotivas diferentes (todas historicamente correctas para a época) se coloca em que trajectos para cada função é um trabalho de precisão mental. Infelizmente somos confrontados com uma exigência que não é feito a I.A. do jogo que se opõe a nós e acabamos por enfrentar adversários muitas vezes irritantemente mais poderosos. Não me oponho a uma boa luta num jogo, é isso que muitas vezes separa um bom jogo de um mau, mas para isso convém que todas as partes joguem com as mesmas regras.
Tenho pena de não gostar mais de Railway Empire, porque queria mesmo gostar mais dele, mas acho-o só bom, sei que o artigo foca mais as partes negativas mas isso é porque prefiro que ninguém vá ao engano. Um opinião sincera é que não vale o preço de €50 que pedem por ele no lançamento. Se gostam do estilo, esperem por saldos e aí podem ter uma boa compra, mas para já, não. Não é um comboio bala, mas é um bom comboinho de passeio.