BIG KEY, small game

Lembram-se de uma altura em que os jogos eram mais simples, mais curtos e menos controladores da nossa liberdade? Os velhos tempos do The Legend of Zelda e Metroid originais que, não tendo grande duração, nos mantinham entretidos horas a fio com o que agora seriam consideradas decisões de design obtusas, como paredes secretas ou itens obscuros sem grande indicação da sua localização, ou sem menção sequer da sua existência? Eram tempos em que muitas dessas frustrações eram toleradas, pois não havia alternativas melhores e os jogadores, quando mais novos, tinham tempo para longas horas de jogo que culminavam em pouco mais do que bater com a cabeça na parede até esta se abrir.

The Quest for the BIG KEY é um throwback a estes tempos idos, com um estilo apropriadamente retro, em que temos de colecionar itens para atravessar barreiras e progredir na nossa missão: descobrir a CHAVE GRANDE. Os efeitos sonoros e animações não são nada de especial, servindo apenas o propósito mínimo de ilustrar algumas situações contextuais. Trata-se de um jogo extremamente simples, servindo-se das teclas direcionais para nos movermos e as teclas A e S para usar itens que vamos apanhado ao longo do jogo e nos ajudam a progredir. Há uma sombra de uma história por trás da nossa missão, mas é tão incipiente e irrelevante que acaba por não contribuir nada para a experiência do jogo.

A simplicidade é uma faca de dois (le)gumes…

E assim somos convencidos a explorar…se ao menos o perigo fosse iminente ou relevante.

Infelizmente no caso de The Quest for the BIG KEY, a simplicidade é demasiada, tornando um curto jogo de 30 minutos numa sessão trivial e repetitiva. O jogo reduz-se a isto: primeiro temos de procurar corações para aumentamos a nossa vida o suficiente para passar por barreiras como gosma venenosa ou lava. Depois encontramos um item que nos torna imunes a essas mesmas barreiras. Finalmente, encontramos chaves para abrir castelos que nos permitem progredir para outra zona em que repetimos o mesmo padrão. Após fazer isto duas ou três vezes encontramos a CHAVE GRANDE e, após uma curta sessão de backtrack, apanhamos os quatro MacGuffins deste jogo e obtemos um final inconclusivo e pouco satisfatório.

Para acrescentar a isto, nas únicas vezes em que o jogo nos apresenta alguma dificuldade, é de maneiras pouco imaginativas e que não requerem qualquer capacidade do jogador, nomeadamente paredes falsas que temos de adivinhar que lá estão e a ausência de checkpoints, tendo o jogador de voltar ao início do jogo sempre que morre (o que sinceramente ocorre muito poucas vezes). Em vez de contribuir para a nossa diversão, isto só nos frustra, cortando o ritmo e fluidez da experiência de jogo.

Do or do not, there is no try…

O jogo podia ser uma experiência muito mais agradável se tivesse alguns puzzles mais estimulantes, ou requeresse alguma coordenação ou reflexos motores mais aguçados, mas, no estado atual, é demasiado aborrecido para qualquer jogador que não seja um extremo iniciante.

Basicamente TQftBK é uma experiência de evocação de nostalgia, que peca pela sua simplicidade e falta de profundidade mecânica. Carece da genialidade e inovação dos jogos que tenta emular, ao mesmo tempo mantendo as suas maiores falhas. Embora seja o esforço de um criador singular, ao preço de 1,99€ na Steam, não se recomenda a ninguém, exceto se usado para introduzir alguém muito novo ao mundo dos videojogos. Existe ampla oferta de jogos melhores a preços semelhantes ou mais baixos, como Energy Invasion e Radar Warfare.