Caçada semanal #134

Já foram tantos os bons casos de jogos de terror e similares a serem-nos brindados pelo mercado indie que serviram de combustível para pesadelos, mas também para algumas das mais originais abordagens ao género.

Os 2 indies desta semana falam todos de ambientes de terror, ou se não chegarem ao ponto de nos deixar agarrados à cadeira, pelo menos criam aquela pele de galinha que nós aqui da redacção (por razões óbvias) tanto gostamos. Outros, porém, de horror só têm mesmo a sua própria fraca qualidade.

Uma pequena nota de rodapé para quem não conhece a referência da imagem de capa deste artigo. Trata-se de um dos melhores exemplos de terror da passagem entres os 1980s e os 1990s, com Nightbreed, de Clive Barker.

Witchkin

O sucesso bombástico de experiências como Slender ou Five Nights at Freddy’s abriu caminho aos jogos denominados “das escondidas” que nos querem dar grandes saltos da cadeira enquanto brinquedos demoníacos nos querem… matar?

Witchkin é um jogo de terror desenvolvido pelo estúdio Coven Games (que é na realidade composto por apenas uma pessoa) e que tem como base a lenda texana da The Candy Lady. Este mito urbano fala do desaparecimento de crianças no Texas após receberem doces ao longo de meses, até que um papel com a inscrição “The Candy Lady” antecipava as suas últimas horas.

A irmão do protagonista foi uma destas crianças, e a nossa missão é invadir em silêncio uma casa rural abandonada nos anos 1920 que é habitado pelos titulares Witchkin, os brinquedos-vivos que são os filhos da The Candy Lady.

O desafio passa por sermos furtivos e sorrateiros o suficiente para conseguirmos iludir os brinquedos e mascarar a nossa presença, até resgatarmos a nossa irmã. O ambiente não precisa de ser gore para ser assustador, já que o tratamento sépia próximo dos filmes mudos daquela década são suficientes para nos assustar genuinamente.

TheNightfall

O estúdio VIS-Games não é propriamente novato nestas andanças. Já com algumas produções na algibeira, o seu recente lançamento TheNightfall é apenas mais uma das suas tentativas de desenvolver um bom jogo de terror na primeira pessoa (uma tentativa falhada, como cedo percebemos). Depois de casos perfeitamente medianos como Obscuritas e os dois Pineview Drive, o regresso do estúdio aos jogos de terror após algumas incursões noutros géneros igualmente medianas dá-se sem pompa nem circunstância com este TheNightfall.

Controlamos Victoria na primeira noite na sua casa nova, onde terá de dormir sozinha visto que o marido e os filhos só chegarão no dia seguinte. Terá de sobreviver essa noite, e para isso temos de ir encontrado pequenas notas de história sobre um palhaço serial killer (inspirado em John Wayne Gacy certamente), fazendo trigger a pequenos eventos que avançam a história.

O aborrecimento em torno desta lógica de ir percorrendo a casa na esperança de despoletar pequenos eventos é tão óbvio que não demoramos muito a perceber que a substância de TheNightfall é praticamente nula.

É claro que tem valores de produção perfeitamente distintos, mas quando comparamos o ritmo e a qualidade de escrita de um >observer_ com isto, sabemos perfeitamente onde é que o nosso dinheiro é melhor aplicado.