Caçada Semanal #135

Entre tantas dúvidas existenciais que assolaram alguém durante toda a História da Humanidade, é possível que pela primeira vez alguém se coloque esta questão: se só pudéssemos ouvir uma banda para o resto da vida e as únicas escolhas que tivéssemos fossem Simple Minds ou Simply Red, qual escolheríamos? Até porque entre o synthpop dos escoceses Simple Minds e a pop/soul dos ingleses Simply Red só fica mesmo a década de origem e comum e a proximidade com a palavra “simples”.

É precisamente de simplicidade que vamos falar esta semana nos 3 indies que trazemos, cada um com ideias simples e execuções que de alguma forma ou outra demarcam essa mesma simplicidade.

Scrapper

Quando uma ideia é simples é muito fácil que não demoremos muito a ficar imersos nela. Scrapper é instantaneamente compreensível e dentro da sua premissa simples garante-nos momentos divertidos em intervalos curtos.

Neste jogo indie do estúdio Ghostbolt Games controlamos uma nave cujo objectivo é recolher matérias importante pelo meio de destroços. Logo no primeiro nível somos confrontados com aquilo que vai ser a temática corrente do jogo ao termos de navegar por entre um cinturão de asteróides a desviar-nos por entre os muitos pedaços de detrito espacial que encontramos no nosso caminho.

Scrapper é um jogo em que a manobrabilidade é o mais importante: em que temos de controlar a nossa nave como um piloto veterano e cumprir os objectivos, que usualmente requerem que recolhamos um número definido de itens que vão surgindo aleatoriamente pelo ecrã.

A dificuldade vai aumentando, assim como a temática dos níveis, e em muitos deles a gestão do combustível começa a dificultar a nossa missão, assim como o nível de bidons a flutuar vão escasseando, obrigando-nos a correr riscos para os conseguir apanhar.

Scrapper é, como os restantes jogos desta Caçada, bastante simples, mas isso não lhe retira de todo o factor de entretenimento.

Marble Land

Empurrar um berlinde até um ponto definido é um objectivo simples o suficiente, como um pequeno escaravelho a empurrar uma bola de-vocês-sabem-o-quê pelo deserto. Marble Land pega nesta ideia e transforma-o em construções/puzzles complexos que vão criar-nos um desafio interessante, ainda que casual, ao longo de 45 níveis.

Desenvolvido para VR, este jogo do estúdio Devious Technologies soube perceber que a necessidade de imersão em Realidade Virtual não era a única forma de o usufruir. A utilização da Física e dos muitos e criativos mecanismos criados para tornar a missão de levar o berlinde a bom porto uma verdadeira dor-de-cabeça.

Marble Land é mais um excelente caso de um indie com um detalhe visual surpreendente, o que só estimula a nossa proximidade consigo e com as maravilhosas construções e ambientes criados. É curioso como uma mecânica única criada e aplicada em jogos (mais recentemente em Breath of the Wild) consegue ser um excelente jogo por si só.

Nemesis Realm

Já existiram tantas tentativas de assimetria, mas acho que ainda não vi nenhuma que incluísse também um dispositivo VR pelo meio. Nemesis Realm, desenvolvido pelo estúdio Evocat Games e lançado em Early Access no Steam é um desses casos.

Voltando a falar de simplicidade, Nemesis Realm é uma boss fight assimétrica que coloca quatro jogadores a controlarem os heróis, ao bom estilo de um jogo de aventura, e um outro a controlar um inimigo gigante, vendo o cenário na primeira pessoa através de VR.

Neste momento o conteúdo que Nemesis Realm tem para trazer ainda é curto com os seus 2 mapas disponíveis, mas tem todas as razões para ser um dos mais diferentes e divertidos jogos de multiplayer local, com uma abordagem verdadeiramente única ao género.

E sobretudo aquilo que já apresenta era o mais difícil de atingir: um grande equilíbrio entre os dois lados diferentes de se jogar, tornando este party game divertido de se experienciar seja de um lado ou de outro da refrega.