Caçada Semanal #136
Conquistar o céu sempre foi um dos nossos objectivos. Desde cedo que o Homem olhava para cima e atribuía divindade aos pontos brilhantes que lhe iluminavam o firmamento, sem saber as suas origens, mas sonhando um dia em poder aproximar-se delas.
Esse sonho de viajar até às estrelas (não literalmente, como é óbvio) manteve-se até hoje, e continua a ser um dos combustíveis da Humanidade e um dos assuntos que mais inspiração causa ao cinema, literatura, música e até aos videojogos.
Nesta caçada semanal levamo-vos por uma viagem daqui até às estrelas com os 2 indies da semana.
Orch Star
Mantendo o tom da colonização e expansão galáctica, neste caso com elfos, humanos e orcs, Orch Star traz-nos uma visão completamente diferente sob o tema, sendo que o segredo deste jogo é mesmo a palavra “visão”.
Desenvolvido para VR sem ser exclusivo dela, Orch Star é um jogo de estratégia em tempo real que nos faz sentir uma espécie de entidade cósmica que observa as galáxias do alto da sua omnipresença, onde os planetas são meras pedras que cabem na nossa mão.
O que parece à primeira vista como um diorama galáctico onde os planetas pairam no vazio, é na realidade um complexo e altamente difícil jogo de estratégia que nos obriga a gerir as nossas naves para conquistar planetas contíguos assim como defender o nosso império.
Ser a facção reinante não é, de todo, tarefa fácil. Orch Star obriga-nos a aprender e a nos habituarmos aos seus níveis de complexidade estratégica à medida que vamos progredindo no jogo, sendo que a dificuldade crescente coloca-nos sempre sob pressão de aprender para sobreviver.
Ocupar asteróides para recrutar novas naves (e novos tipos) para aumentar a nossa frota e dessa forma planear cautelosamente as nossas acções. Apesar de mecanicamente nos limitarmos a arrastar unidades entre planetas e asteróides, é na decisão rápida, crítica e táctica que reside o nosso desafio. Orch Star é um daqueles exemplos de um jogo enganadoramente simples à superfície, mas cujo núcleo é difícil de quebrar, e ainda mais de dominar.
Há qualquer coisa de transcendente ao podermos observar o jogo a partir do vazio do espaço, como se fossemos deuses ou entidades cósmicas e o universo o nosso tabuleiro.
Planetoid Pioneers
Depois do Homem ter colonizado o planeta inteiro, e a si mesmo, em extensão, uma pretensão sempre foi a de estender essa veia colonizadora para fora da orla terrestre. Planetoid Pioneers fala-nos dessas aventuras na tentativa de encontrar planetas habitáveis despenhamo-nos e temos de encontrar forma de fugir.
Uma espécie de metroidvania em que a Física de bonecos de trapos (por vezes lembro-me da quantidade de expressões que soam melhores em inglês) tem um lugar importante. Sempre que começamos uma aventura num novo planetóide o objectivo é exactamente o mesmo: construir um foguetão e fugir. Para isso Planetoid Pioneers mistura uma série de elementos díspares num platformer desafiante, com uma dificuldade enfurecedora por vezes.
Saltar plataformas não é uma tarefa fácil, em especial pela forma desengonçada como o nosso personagem se move. Felizmente que está munido de equipamento que não só lhe permite desmaterializar objectos, recolhendo as suas matérias-primas no efeito e aprendendo a reconstrui-las.
É nesta aprendizagem e recolecção de materiais que a liberdade de Planetoid Pioneers se move, atabalhoadamente, como um boneco de trapos animado. O crafting aqui não é mais do que a capacidade de materializar objectos para ultrapassarmos os acidentes geográficos dos planetas ou para combater os muitos inimigos com os quais nos cruzamos.
Planetoid Pioneers é uma experiência curiosa aos platformers na forma como encara a noção de metroidvania. Mais do que desbloquear habilidades, vamos aprendendo a construir novos objectos, que nos vai permitir avançar mais a fundo em cada planeta.