The Unspoken é um jogo que nos leva a uma actividade há muito desejada: duelos mágicos na primeira pessoa. Esse conceito de duelo de feiticeiros é sem duvida algo que me cativa e tantas vezes, enquanto miúdo, produzi feitiços em grandes duelos mágicos que decorriam na minha imaginação?
Neste jogo a premissa é simples, temos dois feiticeiros que se confrontam em duelo. Os controlos do Oculus Rift adequam-se muito bem à tarefa e levam as nossas mãos para este mundo onde as usamos para realizar diversos feitiços. Não raras vezes este jogo nos conduz a um esbracejar furioso.
Apesar de The Unspoken ter um conceito fácil e intuitivo, a sua curva de aprendizagem obriga-nos a percorrer os tutoriais e a campanha a solo para nos ambientarmos. O movimento é feito por teleporte, cada arena tem dois campos distintos com plataformas vermelhas e azuis, cada um dos jogadores pode deslocar-se entre elas. A campanha é curta e serve de conclusão ao tutorial, está bem desenvolvida e permite ganhar alguma experiência no jogo, sendo o seu ponto alto a penúltima boss fight. Os cenários estão bonitos e inserem-nos num ambiente negro e urbano, que se ajusta na perfeição com o conceito do jogo. Tive alguns em momentos que procurar o equilíbrio em estreitas beiras de altos prédios.
Existem várias classes que podemos desbloquear e que utilizam diferentes aspectos ou elementos de magia, e que falham apenas por serem pouco distintas entre elas. Cada mago tem à sua disposição três feitiços base e mais uns extras que vão sendo disponibilizados em forma de artefactos ou de mana que colectamos no cenário.
Na referida penúltima boss fight, há um momento em que o chão desaba à nossa volta revelando uma superfície em lava, da qual emerge um trio de serpentes de fogo. Foi esta uma das minhas maiores surpresas: já me sentia imerso no jogo até aqui, mas este momento deu-me uma clara sensação da criatura colossal que teria de enfrentar. Olhei-a de baixo para cima e a sensação foi vivida e realista.
Porém este jogo foi pensado para ser jogado online contra outros jogadores e é aí que brilha. Com cenários muito bem desenhados, uma atmosfera intensa e um excelente aproveitamento do equipamento do Oculus Rift. O jogo tem as mecânicas de duelo e de lançamento de feitiços bem trabalhadas, está muito polido e consegue fazer o que se propõe a fazer de forma excelente.
Jogar partidas unranked é quase impossível no entanto se quisermos jogar ranked é uma procura rápida e facilmente temos oponente. Para mim este é um aspecto bastante negativo pois afasta o jogador casual, como eu. Quando jogamos ranked é claro que é complicado e a pouco experiência pode ser exasperante à medida que nos transformam em sapo vezes e vezes sem conta (não literal).
Chegado aos duelos em si, o ambiente é frenético e requer destreza e reflexos rápidos ainda que estejamos limitados a movimento por teleporte. Cada jogador tem um número limitado de plataformas que pode usar para se teleportar. Nestas aparecem de forma aleatória alguns recursos que são importantes para conjurar feitiços mais potentes.
Temos que ter os feitiços e a sua execução bem presente, caso contrário rapidamente somos alvo dos feitiços alheios. Somos obrigados a uma gestão eficaz de recursos, para além de que reagir rápido obriga a pensar rápido. O nosso ataque tem que ser sistemático enquanto tentamos prever os movimentos do adversário.
O primeiro eSport em VR?
The Unspoken é também um eSport talvez o primeiro bem sucedido em VR. E justifica pois tem tudo aquilo que é preciso para resultar nesse papel. Tem uma envolvência grande é excelente para competir com outros jogadores e ainda se presta muito bem a ser visionado.
A ESL já organiza alguns campeonatos com The Unspoken, até mesmo mundiais (embora seja jogado na maioria por Americanos), estou certo que ainda vai crescer à medida que os equipamentos de VR se tornem mais comuns. Estou convencido que vamos assistir a um crescimento grande de eSports em VR pois tem tudo para ser um sucesso nesse campo, com cada vez mais empresas a desenvolver esforços nesse sentido o futuro é risonho.
É um jogo muito interessante que leva a um rush competitivo em que estamos imersos na acção, desperta a curiosidade para ver até onde nos pode levar a realidade virtual em termos de eSports competitivos.