Bem vindos à segunda aula de Perdidos e Machados II, que de acordo com o novo calendário serão às segundas-feiras daqui em diante a cada 15 dias salvo raras excepções.

Se já se sentaram todos vamos lá tratar do tema de hoje que é relativamente repetido de outra aula.

Olá Professor,

Soube recentemente que voltou ao activo, talvez motivado pela brilhante nova carreira do seu colega o prof. Dr. Passos Coelho. Queria aproveitar a sua magnífica sapiência para que me lembre de um jogo antigo que tinha robots ou
mechas a lutarem. Sei que podíamos apanhar partes dos inimigos e depois utilizá-las (ou utilizá-los a eles) e sei que o jogo é bastante obscuro e que saiu para uma das consolas de 8 bits da Nintendo. A NES talvez?

Um abraço do seu aluno

AS

AS, obrigado pela questão. Mechas, e outros robots gigantes são um tema recorrente nos videojogos. Vamos ser sinceros, robots são fixes, quanto maiores mais fixes, e se for possível entrar num e fazer coisas ainda melhor. A pergunta do nosso aluno, apesar de ter uns pormenores interessantes não divulga muita informação acerca do jogo, que nos vai levar a uma pequena viagem dentro dos jogos de lutas de robots e mechas.

A minha ideia principal de busca para esta aula foi o clássico quase desconhecido Cyber Stadium Series: Base Wars, um jogo para a NES que combinava Baseball (talvez dos desportos de equipa mais aborrecidos do mundo, ao contrário do Cricket que não é aborrecido, só incompreensível) e lutas com robots. Em tudo era um jogo de Baseball, mas certas situações proporcionavam lutas entre os “jogadores” das equipas opostas, podíamos depois reparar e/ou melhorar os bots. Contudo este não era o desejado porque não havia uma utilização de partes inimigas.

‘Tis but a scratch!

Depois deste e vários outros que não vou listar aqui mudei a mira para Front Mission, um dos melhores JRPG desconhecidos feitos para a SNES (elemento que elimina o jogo da busca porque não era numa 8-bits) mesmo assim é digno de mencionar e recomendar porque Front Mission não só tem um enredo bastante bom como é um RPG táctico por turnos muito complexo. Foi a jogá-lo que me apercebi de uma falha de estratégia muito comum nos jogos de mechas que é o esquecimento que a parte mais importante é o tronco, e não a cabeça pois é lá que está o piloto e todo o “sistema nervoso central”. Tudo bem que era miúdo mas ficava bastante irritado quando destruía cabeças de mechas inimigos e eles continuavam a funcionar. Apesar de ser de uma qualidade excelente também não era o jogo em questão.

Podemos pintar os mechas de cores mais bonitas que estas.

Como anunciado na última aula, o nível II de História e Arqueologia de videojogos é mais complexo e não há vergonha em ser ajudado por colegas nestas situações. Agradeço desde já ao meu colega Professor Correia, pela assistência que veio da sua extensa experiência e conhecimento adquirido em anos de trabalho. Um pouco como o nosso colega Passos Coelho. Mas em legitimo.

O jogo procurado pelo aluno, e que me era desconhecido era: Joy Mech Fight.

Lançado apenas no Japão para a Family Computer em 1993, era um jogo no qual dois cientistas criam robots fantásticos, porque sim… Um deles, decidiu a certa altura pegar em 7 deles e tentar dominar o mundo, enquanto o outro utiliza o restante para o impedir. Quando olhamos para o enredo de jogos de luta dessa altura, isto é mais complexo que a maioria. De resto tínhamos um jogo de luta 2D banal, tirando o facto que ao derrotar um robot e avançar para a próxima luta o derrota estava à nossa disposição. Difícil de encontrar em pesquisa e em qualquer formato, talvez seja um bom jogo para testarem.

Jogos japoneses…

A ideia de jogos de lutas de Mechas/Robots está longe de morrer, foi evoluindo ao longo dos anos e alguns bons jogos obscuros, ou pelo menos pouco famosos, continuaram esta bela tradição como Power Quest (GBC) que utiliza o mesmo ambiente de luta 2D de Joy Mech Fight, mas abre-o para um ambiente JRPG semelhante a Front Mission com a diferença maior sendo que em vez de Mechas num ambiente político hostil, o jogador controla robots-brinquedo em lutas com outras crianças do seu bairro.

Ready… Fight!

Na minha opinião, só para acabar a aula, prefiro a actualização desse em em Custom Robo Arena para a Nintendo DS, um jogo em que gastei mais horas do que prefiro admitir e tenho imensa pena que não esteja na linha de actualizações ou remakes para a Nintendo Switch. O jogo tinha uma óptima história, uma oficina de customização de robots bem construída e uma jogabilidade muito coesa em batalha. Trabalho de casa para todos os que têm DS, testem!

A maravilha de usar dois ecrãs…

É tudo por hoje, até daqui a duas semanas. Se tiverem dúvidas, sugestões ou quiserem só falar sobre coisas o email perdidosemachados@gmail.com está à disposição.