Mestrar um jogo de RPG de mesa pode ser um trabalho que requer uma preparação considerável, mesmo que o sistema seja simples por natureza. Pode sempre haver aquela vontade de acrescentar algo mais, algo que dê mais substância, detalhe e vida a toda a experiência de jogo. Contudo, e como os demais mortais, o mestre de jogo também se depara com ocasionais momentos de cansaço ou de mera preguiça quando se vê perante as sessões que tem à sua frente. A preguiça aqui é um obstáculo ou um aliado?
Se formos ao extremo dos extremos, em que a preguiça assume proporções tais ao ponto de não haver preparação alguma, teremos então uma sessão toda ela dependente das capacidades de improviso do mestre de jogo. Isto acarreta alguns riscos, uma vez que, dependendo da habilidade e conforto do mestre de jogo neste domínio, torna-se fácil perder o controlo da sessão e deixá-la consumir-se pelo seu próprio caos. É um método que pode correr bem, mas com graves riscos associados.
Passando para o meio-termo, onde queremos planear, sabemos que temos que o fazer, mas não queremos exagerar, remetemo-nos ao estritamente necessário. Criamos os NPCs que tivermos que criar e os pontos narrativos em que fazem parte e/ou que ligam sessões anteriores; preparamos alguns acessórios e adereços que possam ser pertinentes e delineamos uma série de ideias alternativas para o caso de os jogadores quererem “fugir” ao que estava “previsto”.
Do outro lado do espectro temos o total oposto do primeiro, manifestando-se a substituição da mortal preguiça pela divina determinação. Aqui o mundo é criado de raiz até ao mais ínfimo detalhe, desde os vários membros do panteão e as relações entre ambos, passando pelas árvores genealógicas de todas as famílias e mais algumas, até à estrutura económica e estabilidade social daquela insignificante aldeia que reside no meio do nada. Aqui o mestre do jogo toma o manto de um Batman dos RPGs de mesa onde tem toda uma série de planos de contingência para toda e qualquer acção que os jogadores possam tomar, nunca se deixando apanhar despercebido.
Cada um tem a sua forma de jogar, de preparar a sessão e de mestrar. Independentemente de qual for, é bastante fácil saber se resulta ou não: os jogadores adoraram a sessão? Então o teu método resulta, por mais ou menos preguiçoso que possa ser.