Caçada Semanal #149

Acho que é culpa dos diversos folclores a ideia de que quase tudo o que é pequeno é sinónimo de traquinice. Sejam os irlandeses com os seus leprechauns, os anglo-saxónicos com os seus gnomos e até os portugueses com os seus maruxos, tudo raças de seres pequeninos dados à desventura e à traquinice. Depois vieram os Gremlins, naquela mistura entre doçura e traquinice, dependendo se cumpríamos com as regras impostas pelo misterioso senhor asiático ou não.

Agora que percebemos que nada disto era uma desculpa para fazer piadas com o Marques Mendes, seguimos em frente para a Caçada de hoje que nos traz 3 indies pequenos, mas divertidos, com boas ideias e ainda melhores execuções.

Bombslinger

O Bomberman fez uma parte gigante da nossa infância, e no meu caso e da minha família é capaz de ser o jogo que mais vezes jogámos juntos, em modo passa-o-comando e pouco mais tarde com os primeiros modos cooperativos.

Para o estúdio Mode4 decerto que a experiência foi similar, com o seu mais recente jogo lançado para Switch e em Early Access para PC a pegar em Bomberman, levá-lo para o Velho Oeste, torná-lo mais difícil e dar-lhe um enredo.

Bombslinger é maravilhoso na forma como consegue pegar numa ideia e num jogo que tão bem conhecemos e elevá-lo para outro patamar. Seja por toda a diversidade de inimigos que temos, em especial a nossa antiga gangue de malfeitores, que não levou a bem a nossa reforma da vida do crime e decidiu incendiar-nos a casa e matar-nos a mulher.

Bombslinger é o Bomberman para adultos, como um nível de dificuldade que muitas vezes nos coloca a roer o comando de frustração e nos lembra daqueles momentos do clássico da Hudson Soft em que nos encurralávamos com uma bomba e cometíamos suicídio.

Minit

A vida num minuto. Parece daqueles clichés batidos que a malta toda gosta de dizer mas é curiosamente o conceito de Minit, uma espécie de metroidvania ao estilo de Game Boy em apenas preto e branco e em que a nossa vida demora 1 minuto.

Nada podemos fazer para prolongar esse tempo, mas temos de conseguir avançando cada vez mais, encontrando os itens que nos permitam passar aquela parede ou aquele inimigo, e andar cada vez mais, e preferencialmente encontrar um checkpoint que nos permita reviver um pouco mais à frente.

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Imaginem um The Legend of Zelda – Link’s Awakening, com o mesmo número de corações e mesma forma de atacar e de encontrar novas formas de avançar no mapa, mas que cada vida dura 60 segundos. Um singelo minuto no qual temos de fazer cada segundo contar.

Minit tem uma excelente ideia brilhantemente executada e uma utilização estrondosa das limitações visuais auto-impostas com a pixel art em preto e branco.

CANARI

Também lançado em Early Access no Steam pelo estúdio PixelBot Games, CANARI, é um sci-fi roguelite com um conceito completamente inovador quando comparado com a miríade de outros jogos do género que enchem os escaparates digitais do Steam e não só.

Em CANARI trocamos as habituais espadas, pistolas e machados por uma lanterna, à medida que controlamos o simpático robot amarelo LUMIN por um mundo de escuridão. O nosso recurso é a nossa lanterna e é ela que nos ilumina o caminho e nos impede de sairmos em precipícios, para além de ser a nossa arma literal contra os monstros, que são vulneráveis à luz.

Visto que a energia é finita, temos de gerir bem como e quando utilizar a lanterna, e tentar de todas as formas encontrar fontes de recarga sempre que possível, sob pena de ficarmos desprotegidos e de nos encaminharmos em direcção ao abismo.

CANARI tem uma ideia simples, é um jogo pequeno, mas desafiante, e que vem mudar um pouco os ares a um género que está a ser ultra-saturado.