Tal como grande parte da minha geração de jogadores, cresci com aventuras gráficas da Sierra Entertainment e Lucas Arts. A par de alguns platformers como Super Mario Bros. são os pilares da minha educação e cultura de videojogos. A minha geração é a que agora trabalha em grande parte dos estúdios independentes que povoam o mercado actual, logo há uma certa lógica para que os jogos que eles produzem vão buscar conceitos nesses mesmo pilares. Dark Grim Mariupolis é uma dessas aventuras gráficas que bebem a sua inspiração da rica fonte do passado.

Apesar da estrutura geral ser a de um point-and-click clássico, Dark Grim Mariupolis tem pouco de comum, desde o seu visual à resolução de problemas e enigmas passando pelos diálogos e temas que utiliza, o que nem sempre é positivo.

Primeiro vamos tratar dos pontos bons que são uma boa banda-sonora num estilo blues que se enquadra perfeitamente no ambiente de contraste preto e monocromático que os developers quiseram fazer para esta história de detectives tornando-a literalmente noir. O ambiente chuvoso na noite fria são a casa perfeita para este estilo de jogo, e devo dar os parabéns a quem conseguiu que este fosse transmitido com um grafismo tão minimalista.

Infelizmente o jogo peca no resto, muitas vezes sem culpa própria mas devido a uma combinação de factores que podiam ser positivos isoladamente. Os diálogos são muitas vezes confusos, apesar de serem importantes para compreender a história e resolver os problemas, devido ao seu estilo visual minimalista é muitas vezes complicado ver o sítio certo para procurar algo, este problema muitas vezes é literal pois algumas soluções estão em olhar para o local correcto, os puzzles estão bem conseguidos no seu geral obrigando o jogador a procurar pistas ou chaves fora da zona esperada, mas muitas vezes isso torna-se um empecilho pois a solução pode ser encontrada acidentalmente em vez de através de raciocínio lógico.

Talvez o pior seja o potpourri de temáticas que o Dark Grim Mariupolis utiliza como base, uma distopia robótica com vikings e religiões nórdicas assim como greco-romanas misturadas consegue ter um odor um pouco enjoativo em vez de ser uma fragrância agradável.

Dark Grim Mariupolis tem um bom ambiente e visual mas perde-se tentando ir mais além do que a sua capacidade lhe permite e perde-se no caminho.