Como estou a precisar de férias mas infelizmente não tenho disponibilidade para ir até aquele fatídico mês que entra depois de 31 de Julho, o pouco tempo livre que me sobra é passado a ler e a jogar. Quando jogamos tomamos conta de um personagem, fazemos nossa a sua história, é bom porque nos dá a oportunidade de viver fantasias, como uma espécie de Total Recall low tech. As minhas últimas férias foram passadas nas Arábias, mais especificamente naquele belo resort que é City of Brass.
“Visite City of Brass”, dizia a brochura, “Torne-se um ladrão audaz, armado com uma cimitarra e um chicote e salte precipícios, deslize por baixo de pedregulhos, conheça Djinns bons e maus, numa aventura cronometrada para encontrar riquezas sem fim”. Era um desafio interessante, difícil de resistir, pela sua combinação invulgar de particularidades mas acima de tudo, o ambiente que é tão rico e tão negligenciado desde a saga Prince of Persia.
Sem dúvida alguma que City of Brass cumpre a sua promessa, mesmo em Early Access (versão testada) este FPS rogue-lite dá ao jogador uma experiência rara em várias frentes começando pelo setting, uma cidade gigantesca e bela que exploramos em busca de tesouros, por entre as mais diversas armadilhas e inimigos, cenários e salas bem construídos sem limites e com imensas opções de interacção. Existe quase sempre mais do que uma maneira de enfrentar o desafio, sendo que entrar sem estudar a situação dá o mesmo resultado 9 em cada 10 vezes: Morte do herói e regresso ao início. Mas um início diferente porque mantendo-se dentro do estilo rogue-lite todos os níveis são procedurally generated.
Como em qualquer jogo deste estilo, a dificuldade vai aumentando com o avançar do jogo assim como a variedade de inimigos, mas também podemos ir acrescentando capacidades e habilidades ao nosso personagem e equipamentos tornando o jogo mais equilibrado, complicado mas nunca impossível.
Dentro dos jogos do estilo, City of Brass ganha bastante por permitir que o jogador pense em como quer jogar, as armas à sua disposição são mais que isso, são ferramentas cuja mestria é a chave do sucesso, especialmente o chicote. Os combates conseguem ser intensos em certos níveis mas devem ser sempre calculados e mais baseados em timing do que em velocidade e força bruta, um pouco como os do Prince of Persia original é preciso lutar de forma inteligente, ou ser mais inteligente ainda e usar tudo à nossa volta como maneira de derrotar os inimigos evitando o confronto directo. Talvez o pior aspecto deste jogo é ter que jogar em contra relógio, não consigo entender a razão deste factor estar incluído por defeito quando é perfeitamente dispensável, o jogo já apresenta desafios suficientes sem ter essa pressão adicional.
City of Brass é um bom jogo, recomendável pela sua capacidade de utilizar vários aspectos comuns e torná-los seus. Podíamos passar mil e uma noites em City of Brass e cada uma será diferente e emocionante.