Para quem não conhece, a Marmalade é um estúdio sediado no Reino Unido mas que conta com uma grande presença em Portugal tendo o seu estúdio nacional passado recentemente do Chiado para Almada. Foi nesse mesmo estúdio que Battleship: Commanders foi criado, devido ao historial de confiança que a Hasbro tem com o estúdio que já trabalhou algumas das suas propriedades mais famosas, e que apontou canhões para uma marca tão conhecida por todos: a Batalha Naval.
Para todos os efeitos vamos assumir que qualquer leitor conhece este jogo, seja do tabuleiro ou daquele à antiga desenhando a grelha numa folha quadriculada como fazíamos na escola, em que dispúnhamos as nossas embarcações e à vez dávamos as coordenadas dos nossos tiros ao nosso adversário: A-3… água, D-7… água, E-1… tiro no porta-aviões. Portanto pode pensar que a adaptação deste clássico para um formato mobile seria tão simples como estrelar um ovo. E inovar esse jogo seria impossível.
Nós pensámos o mesmo, e parece que estávamos enganados.
Battleship: Commanders pode ser dividido pelas duas palavras do seu nome, onde temos o jogo clássico Battleship, e a versão Commanders criada pela Marmalade. Podendo sempre jogar contra uma Inteligência Artificial muito eficaz e desafiante a partir de um nível médio de dificuldade, é nítido que o jogo tem as suas baterias apontadas para o modo vs Online, como a maior parte do mercado. É devido a isso que cada jogador só pode dar um tiro de cada vez, ao contrário dos três da versão de tabuleiro, e apenas pode dar outro consecutivo se atingir uma das embarcações inimigas. O jogo é assim mais rápido e ritmado. Como se quer num ambiente mobile.
O modo Commanders também respeita este formato de um tiro de cada vez, mas de resto dá sempre a sua versão pessoal ao clássico. Ao invés das arenas 10×10 e das embarcações lineares, este modo oferece-nos arenas com um aspecto assimétrico, e embarcações em T, L, Z e outras que são propriedade única de cada um dos Comandantes. A escolha de Comandante pode ser importante por causa das suas unidades mas também por causa dos seus ataques especiais para os quais vamos acumulando pontos de energia para usar a cada turno.
Há alguns ataques que são comuns a todos os comandantes, como a colocação de minas que se atingidas “dão” dois tiros aleatórios no campo inimigo, ou o sonar, colocado num quadrado já atacado e nos dá a informação de quantas peças ocupadas existem em volta dela. Como no velhinho Minesweeper. Já o ataque “mais forte” é único para cada um deles. Por exemplo um deles tem um ataque aéreo que é equivalente a dar tiros numa linha inteira, enquanto outro tem um torpedo que tem quase o mesmo efeito mas termina o caminho quando embate em algo, já outro faz um ataque simultâneo a vários quadrados aleatoriamente e por aí em diante.
Battleship: Commanders mostra-nos duas coisas, sendo a primeira que é sempre possível inovar uma fórmula clássica mesmo que todos pensem o contrário. A segunda é que a produção de videojogos em Portugal está cada vez mais bem cotada no mercado internacional com empresas cuja mentalidade vai além fronteiras deste jardim à beira mar plantado.