O meu gosto por assuntos Vikings e Celtas só veio a ser fortificado depois de ter feito um daqueles testes de ADN que estão na moda (colocando de lado todas as minhas paranóias e teorias de conspiração) confirmando que quase 20% da minha herança genética vem daquelas zonas. Juntando isso aos 35% que vêm do Norte da Península Ibérica, terra de outros grandes povos guerreiros não é de admirar que sempre que há a oportunidade de testar um jogo como o novíssimo Die for Valhalla da Monster Couch eu meto-lhe logo as mãos. Tal como gosto de fazer a arcos, espadas e machados novos.
Não só sou um estudioso dos aspectos mais práticos da história Viking e Celta, como sou um seguidor de todas as religiões desses povos. Religiões e não mitologias, porque podem não ser tão proeminentes como já foram há centenas de anos mas tal como os Deuses que eram adorados noutros tempos e regiões do mundo a falta de crentes não os remete para um patamar de “mitos e lendas”, têm tanto direito a manter o nome de religião como as mais recentes. E ao contrário do que podem ver em alguns “documentários” do Canal História, os Deuses Vikings não eram extraterrestres. O meu conhecimento a fundo da história e mentalidade dos Vikings permite-me olhar para Die for Valhalla com uma perspectiva mais clínica, não só de jogabilidade mas de todo um mythos e lore utilizado com mais precisão do que é habitual. Tudo isto tem um bónus por terem sido acrescentados elementos lovecraftianos.
Não há nada que possa dizer de Die For Valhalla que seja mau. Na sua estrutura mais básica é um beat’em up com elementos RPG e/ou roguelite, dependendo do estilo de jogo pelo qual optamos. Seja por um mundo menos difícil em que exploramos os pequenos níveis numa rede mais extensa e sem morte permanente, enquanto o modo rogue tem um grau de dificuldade maior aliado a permadeath, mais frustrante, mas muito mais desafiante para aqueles que querem a glória necessária para chegar a Valhalla. Em qualquer dos modos a jogabilidade é tão refrescante como uma caneca de hidromel gelado num dia de verão. Bebido directamente do crânio de um inimigo.
Não controlamos Vikings neste jogo. Não directamente. O que controlamos são as místicas Valquírias que invadem os corpos dos bravos guerreiros caídos e os utilizam como veículos até que estes morram de novo. Isto é feito com o intuito de desvendar o mistério da porta que abriu e donde sairá um ser poderoso e antigo. Na parte RPG vamos dando habilidades e subindo stats à(s) nossa(s) Valquíria(s) que depois são automaticamente instauradas nos Vikings dos vários clãs que usamos.
Os clãs são outra particularidade interessante no jogo, conseguindo desbloquear 10 deles, cada clã tem uma combinação de 3 tipos de guerreiro(a) de um total de 7. Cada tipo de guerreiro tem habilidades únicas. Enquanto o Iron Clan é a nossa base sem nada extra, o Horse Clan já uma combinação de guerreiros diferente, e devido a sua afiliação a Freyr e Odin uma capacidade de regeneração de stamina mais rápida, enquanto o Bear Clan que segue Thor, tem uma capacidade de dano maior. Usar estas habilidades e os diferentes tipos de guerreiro como estratégia são cruciais para avançar no jogo, trocar entre os ataques a longa distância únicos ao arco e flechas dos Hunters assim como a sua capacidade de montar armadilhas é extremamente eficaz contra alguns inimigos, mas muitas vezes é necessário recorrer à brutalidade de dois machados nas mãos de um Berserker, dos punhais e estilo de luta pouco ortodoxo de um Thrall ou da capacidade de um Jarl tem de chamar alguns NPC para lutar e morrer ao nosso lado pela glória dos Deuses!
Enquanto vamos lutando recolhemos pontos de glória, o objectivo de qualquer guerreiro que mereça ser chamado um homem livre, e muito ao estilo de Knights of the Round que é provavelmente dos meus beat’em ups favoritos, os nossos personagens vão mudando e evoluindo o seu visual ao longo da sua curta vida em jogo conforme vai ganhando pontos de glória. Apesar do aspecto relativamente infantil dado ao jogo ele é violento, há sangue e bocados de corpos a voar por todo o lado constantemente inclusive o do nosso personagem.
Além de uma jogabilidade divertida o que mais me agrada em Die for Valhalla é o cuidado histórico com o mesmo, todos os personagens têm atenção à caricatura que lhes foi feita. Os inimigos míticos como Trolls e Gigantes, os cenários, até as armas têm uma precisão maior do que muitos filmes ou séries ditas históricas, quando não o fazem como com os barris explosivos ou algumas peças de vestuário até há piadas internas nos poucos mas deliciosamente engraçados diálogos entre cenários.
Die for Valhalla pode ser jogado a solo ou em multiplayer local em PC, Xbox One, PS4 e Nintendo Switch (versão testada) a partir de dia 29 de Maio de 2018, e é dos grandes candidatos a um Machado do Ano 2018 que este ano será dedicado à maior das divindades guerreiras!