Olhando em retrospectiva podemos afirmar que esta E3 foi, na melhor das hipóteses, razoável. Duvido que daqui a alguns anos alguém olhe para trás e diga algo como “Lembram-se da E3 2018?” com entusiasmo nostálgico de admiração e saudosismo de algo marcante na nossa vida. Foi, apenas mais uma. E dentro do razoável, ou como diria o meu caríssimo colega Professor Mota, aqueles alunos que levam a nota de satisfaz, alguns levam um insuficiente, outros levam negativa pura e dura. A Bethesda, foi daquelas empresas que deixou muito a desejar na sua apresentação. Lembro-me de ver comentários nas redes sociais sobre como a Bethesda tinha dominado e ter pensado “se por dominado queres dizer: agarrado o entusiasmo de todo o público à sua frente e em casa pelo pescoço e cortado o seu fluxo de oxigénio até este cair inerte no chão” sim, a Bethesda dominou.

O pessoal ainda estava meio acordado neste ponto.

Entre ports de jogos para outras plataformas como Prey e Wolfenstein para VR, Fallout Shelter para Switch e PS4 ou Skyrim para Amazon Echo Dot a Bethesda apresentou mais de uma dúzia de títulos. Nomes de grande porte que são seguidos por uma considerável ordem de fãs acérrimos. Portanto porque é que, tirando a parte em que se riram deles próprios, a conferência foi tão… sem sal?

Apresentações sensaboronas que mais pareciam um empregado de tasca a servir-nos o bitoque mais corriqueiro do mundo como se fosse um prato que deixa os juízes do MasterChef Austrália a lamber o prato. Não só isso, quando acabamos de o comer ainda vêm com toda a arrogância do mundo olhar para as nossas caras à espera dos maiores elogios, prestes a soltar um “Atão? Estava bom ou não? Não há melhor que isto!” quando simplesmente sorrimos enquanto levanta o prato. Um bitoque é bom, sabe bem, e é difícil de estragar, mas não é nada de novo. Lá porque vem num prato limpo não faz dele uma obra prima.

Esse é o que considero o maior problema da Bethesda, que mais cedo ou mais tarde acontece com toda a gente que tem algumas propriedades de sucesso, sentaram-se no conforto daquilo que fazem, e adormeceram com a coroa de louros na cabeça. Tal como adormeceram parte do público que os via. Doom, Prey e Wolfenstein foram sucessos de inegável qualidade nos últimos anos, assim como Fallout 4 para não falar da série Elder Scrolls. Seria assim tão imprevisível o lançamento de um Doom ou Wolfenstein novos? Um remake de Fallout 4 para jogar online, ou que estão a trabalhar em Elder Scrolls VI? O facto de Doom ter mais inimigos e ser mais difícil não é nada de estranhar, por mais interessante que seja o facto de ter dois personagens em Wolfenstein: Youngblood para jogar em single player com qualquer ou em co-op não deixa de ser um Wolfenstein. Elder Scrolls VI tem um cenário bucólico… não têm todos?

E foi isto. É o que podemos mostrar.

A tentativa de ingressar mais no mercado mobile com Elder Scrolls: Blades pode ser uma tentativa de inovação mas uma que deverá cair no esquecimento, e mesmo Rage 2 é apenas a sequela de um jogo que não é um dos pratos principais do restaurante, é tipo a omelete quando não nos apetece mais nada. Ninguém vai a um restaurante especificamente isso. Também não conta dizer que um dia vão ter algo novo como Starfield, porque nem deu para perceber se vai ser uma entrada, prato principal ou sobremesa.

A Bethesda desiludiu este ano mais pelo comodismo e preguiça de saber que não tem que fazer muito do que por má qualidade do que apresentou. Sem dúvida que vão ser bons produtos quando forem lançados mas podiam ter feito muito mais para o público. Tendo em conta a qualidade geral do evento tiveram sorte porque esta mediocridade passa quase despercebida, tivessem feito isto no ano passado e tinham sido absolutamente destruídos pelos fãs e imprensa, para depois ficarem esquecidos num deserto qualquer.