A forma como os vários RPGs de mesa são feitos permite que várias alterações e adaptações sejam levadas a cabo de forma a favorecer a nossa forma de jogo, ora mais narrativa, ora mais mecânica, ou com algum tipo de meio-termo. Contudo, isto não se prende só às regras.

Quando chegamos aos capítulos das raças e/ou classes, rapidamente nos deparamos com alguns parágrafos onde ficam descritos de forma mais ou menos explícita os maneirismos, os comportamentos e as crenças/orientações morais daquele tipo de pessoa/criatura. Seguir o que aí consta é o mesmo que seguir as regras, no sentido em que estamos a seguir o que é esperado. Ainda assim, temos liberdade de fazer as alterações que acharmos por bem.

Num dos streams do Rola Iniciativa intitulado Monster Monday, debruçámo-nos sobre uma criatura do universo de Dungeons & Dragons que é o Beholder. Para além de apresentarmos aquilo que são Beholders, seres ego-maníacos com um desejo profundo de escravizar todas as raças à sua vontade, também tratámos de quebrar este molde. Um dos resultados foi inclusivamente um Beholder que tinha uma forte aversão à sua natureza e que queria mudar isso fosse como fosse.

Esta mudança, esta forma de pensar, pode ser aplicada em qualquer outro contexto e de qualquer outra maneira, podendo resultar em ideias fantásticas. E se os Tiefings não tivessem vergonha do seu passado ancestral, ou melhor, se o mesmo não incomodasse minimamente a opinião geral de toda a população? E se um vampiro do clã Ventrue, com toda a sua excentricidade, se apresentasse esteticamente como um membro do clã Brujah? E se a mensagem de Cthulhu fosse uma de paz e não de loucura?

A partir do momento em que entramos neste mundo, temos controlo total não só sobre estas perguntas mas também sobre as suas respostas. Podemos ir mais longe e mudar completamente o sistema de jogo, usando, por exemplo, Dungeons & Dragons para contar uma história de intriga política com vampiros ou pegando em Vampire: The Masquerade para contar a história de um grupo de aventureiros que procura impedir um culto de ressuscitar um deus de morte e de destruição. Claro está que aqui voltaríamos ao tema já abordado sobre o interesse do sistema e no quão benéfico seria adaptar algo que já conhecemos em vez de pegar em algo especificamente desenhado para fazer o que pretendemos.

Uma vez mais o céu é o limite, e se as regras foram feitas para ser quebradas, porque não todos os outros moldes?