Quando vi Rocket League pela primeira vez, pensei: “olha, isto é estúpido”. Quando o joguei pela primeira vez, pensei: “olha, isto é realmente giro”. Um jogo de carros que não é de corrida e é afinal de futebol parece algo que começa como uma piada e depois torna-se algo sério como as minhas tostas de queijo e chocolate ou o actual Presidente dos EUA.
OnRush é bem mais sério que Rocket League mas está naquele patamar de coisas que parecem uma coisa e afinal são outra, e que têm carros à mistura. O que nos lembra à partida um jogo de carros com destruição pelo meio tem muito mais de Overwatch consigo do que de Carmaggedon.
Descrever OnRush é uma tarefa difícil, mas a melhor forma de tentar sequer explicar o que se passa neste jogo tão divertido e em alguns aspectos inovador é circunscrevê-lo à acção de arcada, pura e dura. Todos nos lembramos do apelo dos jogos Destruction Derby, ou mesmo de MotorStorm (cujos criadores desenvolveram este OnRush). Se no caso do primeiro era a destruição pura de carros, no segundo era a junção de veículos variados numa competição off road com muitos terrenos diferentes. OnRush é uma mistura dos dois mas onde se retira a variável da corrida: aqui cada modo tem objectivos diferentes e todos eles passam por espírito de equipa.
Quando disse que existia uma grande similaridade com o mindset de Overwatch eu não estava a exagerar. Em OnRush temos de pensar colectivamente na forma de chegar aos objectivos que necessitamos, o que nos obriga a deixar o ego de lado e pensarmos no trabalho de equipa. Sejam os equivalentes a team deathmatch que aqui temos ou os modos originais que nos obrigam a viver no fio da navalha e ir estendendo o tempo da equipa tocando em pequenos portões, OnRush é o jogo de carros perfeito para quem sofre com a febre dos FPS multiplayer, porque é o maior equivalente com carros disso que algum dia irão encontrar.
Este é, aliás, um arcade racing multiplayer game completamente over-the-top, e é esse espírito pouco realista que nos dá vontade de o jogar. Seja pela linguagem visual colorida herdada de Overwatch e outros que tais, seja pelos bons efeitos de partículas que trazem dos simuladores de automóveis, e que tornam todo o pacote de OnRush num excelente projecto.
Há muitos veículos à nossa disposição, com classes, forças, fraquezas e ultimate skills únicas associadas, cujas activações temos de pensar em prol do que a equipa necessita. Este é apenas um dos aspectos inspirados no habitat online dos jogadores contemporâneos, e até os MOBAs foram musa para OnRush com os veículos neutros com os quais nos cruzamos e que são os minions daquele género. Para além de serem destruídos com apenas um toque, dão-nos um pequeno boost útil para voltarmos à confusão e às colisões.
OnRush não é um jogo para perceber quem é o mais veloz ou o mais hábil na condução e quer, sobretudo, que estejamos constantemente em rota de colisão com os nossos adversários. Para isso criou um bom sistema de elástico que nos teleporta para o meio da refrega caso fiquemos demasiado para trás do “pelotão”.
Para além de ser extremamente bem-executado por uma equipa experiente em jogos do género (se é que existe um definido neste jogo) OnRush consegue surpreender e inovar, percebendo não só o que o mercado quer como o factor de diversão que um jogo de arcadas com este twist (e tão twisted) consegue trazer. É claro que a sua “dependência” da componente multiplayer vai ditar o seu tempo de vida, e nesse aspecto está a competir com propostas multi-jogador gratuitas com sólidas bases de apoio. Mas a seu favor tem o facto de que não existe nada como ele. E nos dias de hoje isso é dizer muito.