Caçada Semanal #171
Pensei começar este artigo com o fantástico “Ecstasy of Gold” de Ennio Morricone, que considero ser a sua segunda melhor obra para cinema. A primeira é a banda-sonora de Cinema Paradiso, em particular a comovente música no final em que Salvatore, já crescido volta para Roma e vê o filme que lhe foi deixado por Alfredo que é uma montagem de todas as cenas de beijos e outras que o padre da sua pequena vila achava censuráveis e obrigava a que fossem retiradas antes de os filmes serem projectados. Contudo os jogos de hoje não merecem estar acompanhados com o que eu considero das mais belas melodias alguma vez feitas, já que o melhor deles é só… meh. E os outros não merecem ser incluídos num’A Hora do Meh.
Ah, só num pequeno toque, censura de beijos é algo real hoje em dia, no Canal Panda Biggs. As crianças podem ver lutas, mortes ou o raio que o parta em Voltron ou Saint Seiya Omega (péssima série já que estamos a falar nela), mas duas navegantes a dar um beijo na boca uma da outra… ui! Isso vai traumatizar os rebentos.
DragoDino
DragoDino tem precisamente este aspecto de desenho-animado que está ali no Limbo entre o Canal Panda e o Biggs. Uma espécie de transição. Pegando num dos dragões fofinhos de DragoDino, temos vários níveis de floresta mágica para explorar. Esteticamente bem produzidos, mas mecanicamente falhados. A jogabilidade é exageradamente difícil, sem necessidade. O sistema de vidas é antiquado e irritante, numa perspectiva rogue-lite desnecessária ao jogo.
DragoDino é como aqueles chocolates que às vezes ofereciam aos meus pais quando eu era miúdo, tinham uma caixa toda bonita e bom aspecto, mas depois eram daqueles que não sabiam a nada de jeito. Mas era chocolate, comia-se na mesma e deixava-se uns dois ou três com uma dentada para os irmãos. Ou um inteiro. De coco.
!Dead Pixel Adventures!
O mau jogo deste trio que deixa bastante a desejar é !Dead Pixel Adventures! que me fez logo começar de pé atrás porque não vejo necessidade de pontuação num título. É mau, e quem o fez devia sentir-se mal por isso.
Não há muito a dizer sobre !Dead Pixel Adventures!. É um platformer que parece feito para o meu antigo Sharp MZ700. Mas em mau. É básico na pior maneira, é curto, não tem piada, não tem interesse nenhum. Se fosse um miúdo da turma para escolher para a nossa equipa de futebol no alinhamento, era aquele que queríamos que fosse o último em número ímpar para dizer que ele tinha que ficar de fora. Porque já tínhamos escolhido o gordo e o puto que não falava português e está com o braço engessado para irem para as balizas.
Perdi tempo a jogar !Dead Pixel Adventures!, não vos faço perder mais tempo a ler sobre ele.
W4RR-i/o-RS
Também na categoria dos não recomendáveis está W4RR-i/o-RS. E se um jogo com pontuação no nome me faz confusão, o que dizer sobre um jogo cujo titulo parece uma password?
W4RR-i/o-RS é daqueles jogos que se podem considerar artísticos.
“Artísticos”
O problema é que dentro da sua “arte”, na sua busca de fazer algo tão original e fora da caixa acabaram por não fazer nada. O “jogo” funciona por comandos que influenciam uma base de dados, tal como qualquer jogo, mas ao invés de carregar em “A” ou “Cima” e ver o que acontece graficamente, estamos num background, e temos que escrever os comandos para que as acções do protagonista mas não vemos nada. Só vemos as consequências em valores. A ideia até podia ser interessante. Podia… mas se fosse bem aplicada. Não é. É uma confusão que dificilmente se joga. Uma perda de tempo e paciência.