É muito provável que já tenham ouvido falar de TerraTech, especialmente porque já há muitos anos que este jogo dos Payload Studios está em desenvolvimento. Mas não é um daqueles casos de jogos que caíram no limbo eterno do Early Access até ao esquecimento, muito pelo contrário. Os constantes updates demonstram que o jogo está realmente a utilizar este modelo em alpha para se afinar e definir.

TerraTech é um sandbox construction game, ainda que os seus developers o apelidem também de adventure game, e em muitos aspectos concordo. É impossível não pensar em jogos tematicamente semelhantes como Space Engineers, onde o nosso objectivo primário é criar um veículo eficaz e sobreviver.

Mas neste caso nós não nos limitamos a construir um veículo: nós somos o próprio veículo. Para sermos mais precisos somos um cubo consciente que tem a capacidade de se ligar a outros cubos e componentes e ir-se alterando enquanto veículo, e é esse aspecto que tanto me lembra as minhas diversões com peças de Lego um dos grande apelos deste jogo. Penso que praticamente toda a gente que brincou com Lego fez isto mesmo: pegar nas peças e ir juntando-as até formar uma coisa que quase poderia parecer um carro, e que com este só tem a similaridade de ter rodas. Entre formas compridas, largas, altas, tudo era palco para a nossa criatividade.

TerraTech também faz isto e adiciona-lhe a reconhecida componente de aventura, já que (pelo menos em single player) cumprir as missões que nos são dadas dependem muito da nossa capacidade de construirmos um veículo funcionar mas armado até os dentes, e que consigam explodir com todos os veículos/cubos com os quais no cruzamos.

Recolher novos componentes pode ser feito de uma de duas maneiras. Por um lado, se conseguirmos destruir o cubo consciente do adversário os seus componentes caem todos no chão permitindo-nos assimilá-los como despojos de guerra. Por outro lado podemos utilizar dinheiro nas máquinas de venda que estão espalhadas pelo mundo aberto para comprar componentes que nos faltem.

A Física é importante, e a distribuição do peso e a estrutura do veículo vai definir a nossa capacidade de nos movermos de forma eficaz e de nos defendermos dos adversários. Ontem em algumas horas de jogo fui derrotado umas três vezes, o que é algo frustrante, depois de ter feito uma uber-máquina de guerra com rodas e que me parecia indestrutível. Quando nos destroem o cubo consciente, as peças que não foram previamente destruídas caem ao chão, algumas delas que demoraram algum tempo a conseguir. O jogo dá-nos a possibilidade de pagarmos para renascer numa versão idêntica da que tínhamos, mas dependendo da nossa complexidade estrutural pré-morte o valor a pagar é muito elevado, e lá vamos fazer spawn num veículo pequeno cujo avanço tecnológico depende do nosso nível enquanto jogadores.

Porém, conseguir dinheiro é uma tarefa simples, mas recolher as avultadas somas que pedem para reconstruir o nosso cadáver é que não o é. Conseguimos os suados créditos ao rebentar com os nossos inimigos, como a recolher materiais e vendê-los aos mercadores certos.

Apesar de levar já muitas e divertidas horas em TerraTech, tenho-me cingido aos modos single player, e ainda não mergulhei no modo multiplayer, nem sei quantos jogadores habitam esse modo. Mas a grande certeza que posso ter é que dentro destes jogos relativamente casuais e descontraídos de construção, TerraTech é aquele que melhor tem apelado à minha memória de criar veículos doidos, mas putativamente funcionais. Um excelente sandbox construction/adventure game que tem feito as delícias de lá de casa na forma descomprometida como aborda o género.