Se há algo que uma infância e alguma juventude me marcaram foi ir com os meus pais às feiras e mercados de domingo em Lisboa, onde um apregoar habitual era o “Olha a calcinha da moda!”, e quem diz calças, diz outra coisa qualquer. Quando olho para o Steam e outras plataformas de vendas, onde estão jogos como Fractured Lands, acho que deviam ser apregoados exactamente dessa maneira, como o “Joguinho da moda!” com ênfase no diminutivo porque é isso mesmo que ele é, um jogo da moda actual dos Battle Royale.

Fractured Lands, não é uma cópia de PUBG ou Fortnite, se comprarem este jogo que entra em Early Access dia 31 de Julho de 2018, não estão a comprar um polo da Lacroste com um tubarão em vez de um crocodilo. O jogo tem a sua própria estrutura e ambiente, mas não deixa de ser um Battle Royale tal como esses jogos de grande sucesso, algo típico na indústria de videojogos em que há um séquito de estúdios invariavelmente forte a tentar repetir a fórmula de um estilo que está em alta para tentarem beber desse sucesso financeiro tentado quase sempre não fazer uma cópia exacta, este por exemplo coloca-nos num ambiente pós-apocalíptico à la Mad Max.

Há um bom aproveitamento desse aspecto seco e árido em que tudo está morto ou a morrer, mas o que não está faz tudo para sobreviver. Quando colocados na “arena” que não é mais que um cenário com alguns quilómetros quadrados virtuais de estrada, deserto e alguns edifícios, existe uma tempestade radioactiva que está a aproximar-se e fechar a arena cada vez mais, obrigando o jogares a aproximarem-se uns dos outros para os confrontos finais, não sendo uma ideia original e com uma falha gigantesca, funciona bem aqui. Cada jogador começa nu com um veículo à sua escolha, carro ou mota, e um bastão,  só isso. Quanto mais jogamos, podemos equipar o nosso veículos e personagens visualmente para os tornar mais individuais, mas é no ambiente de jogo que encontramos outras armas, equipamentos e afins para lutar, cortando virtualmente qualquer vantagem inicial a jogadores mais experientes.

De resto, é um jogo de batalha normalíssimo, matamos para não morrer, podemos trocar de veículo a meio se o nosso ficar sem combustível ou se aparecer algo melhor no caminho. Não faço ideia do número máximo de jogadores no jogo pois na versão pré early release que testámos o máximo online que enfrentámos foram 12 + 1 (nós). Portanto 13. Se vai a 50 ou 100 ou se mantém um número baixo é complicado dizer para já.

É interessante a mudança de perspectiva onde estamos a lutar em veículos que são a nossa armadura e armas principais, mas em que podemos tirar vantagem de andar a pé para movimentação silenciosa mas mais vulnerável. Tem algo mais em estratégia que os seus pares mas não consegue dar aos jogadores algo realmente memorável, para já. Tem potencial para ser algo interessante, contudo num mercado saturado, podemos dizer que Fractured Lands, ao contrário dos versos da música de Tina Turner, não fica para lá da cúpula do trovão, mas aquém da cratera do relâmpago. Falta-lhe aquela faísca explosiva para lhe dar o destaque necessário.

Há uma coisa que me faz confusão nestes jogos. Se a tempestade está a fechar o ambiente de jogo o que acontece ao jogador que sobrevive? A tempestade desaparece magicamente? Morre sozinho intoxicado, mas com a satisfação de ter sobrevivido mais que todos os outros?