Ainda ontem falávamos dos 1980s, da nossa infância e de schmups. Pelo caminho falámos da minha NES falsificada e da quantidade de jogos excelentes que lá vinham dentro. Ainda na tónica dos schmpus revivalistas e saltando dos horizontal shooters para os vertical shooters existiu um jogo dos 1980s da Capcom que é possivelmente aquele onde passei mais tempo. Não bate uma outra série, também contemporânea, mas do qual falarei daqui a algum tempo, mas 1942 era um shooter passado no teatro de guerra do Pacífico durante a segunda Guerra Mundial.

Nele pilotávamos um Lockheed P-38 Lightning e tínhamos de sobreviver a todos os ataques da força aérea japonesa, e que incluía um dos melhores elementos do jogo para mim: a possibilidade de utilizarmos um loop lento para escapar dos tiros dos inimigos.

Aces of the Luftwaffe – Squadron, publicdao pela THQ Nordic é a  melhor sequela espiritual que poderíamos pedir de 1942 (sendo também sequela do jogo Aces of the Luftwaffe), sobretudo porque ainda que o jogo tenha sido um dos maiores sucessos da Capcom na década de 1980, acabou por ficar esquecido nos labirintos da memória e não sobreviveu para além daí.

Este jogo, à semelhança do exemplo que demos ontem de Black Paradox, é uma excelente mistura entre o revivalismo dos 1980s e a contemporaneidade. Neste caso Aces of the Luftwaffe – Squadron vai mais longe em assumir-se como um jogo “de hoje” abdicando da pixel art dos jogos que o inspiraram em detrimento de um visual baseado em ilustração e animação manual.

Há uma grande diversidade em Aces of the Luftwaffe – Squadron e que justifica as repetições de níveis que vamos ter de fazer. Primeiramente porque conseguir os objectivos secundários do jogo dá-nos moedas que podemos usar para desbloquear novas habilidades, e segundo porque precisamos de fazer algum grind para conseguir abrir todas as tech trees de todos os personagens.

A inspiração em 1942 não poderia ser mais óbvia, não só pelo género, pelo setting (ainda que aqui sejam os alemães os inimigos) mas também em pequenos pormenores que identificamos automaticamente com o clássico da Capcom. Apesar de limitados, em 1942 tínhamos acesso a powerups, sendo que o mais conhecido de todos eram os caças que se “uniam” a nós e que triplicavam o nosso poder de fogo.

Em Aces of the Luftwaffe – Squadron começamos sempre com um esquadrão, cujos pilotos e aviões podemos escolher no ecrã principal. É assim que decidimos qual dos quatro aviões é pilotado por nós, e qual o piloto lá vai dentro, e quais os que são controlados pelo computador.

Pelo meio, à semelhança de 1942, vamos tendo powerups que funcionam de forma crescente e que vão tornando o nosso poder cada vez maior. Ser atingido por um tiro inimigo faz-nos um downgrade destes powerups, e teremos de apanhar outro que caia aleatoriamente para voltar ao mesmo patamar de poder.

O grind de moedas de level up que vamos fazendo é o que gastamos para aprender novas habilidades em cada um dos pilotos, como dizíamos atrás, mas a escassez destes recursos obrigam-nos a ter de repetir alguns níveis apenas para termos o poder suficiente para enfrentar alguns dos bosses mais difíceis, e que usualmente encerram cada “mundo”.

Há uma grande diversidade de inimigos, e missões internas dentro dos níveis, e que vão desde não receber qualquer dano a proteger um dos nossos companheiros por este estar incapacitado. Tudo isto com um tom ligeiro e um visual cartoony que assenta que nem uma luva em toda a criatividade que circunavega este jogo.

Com um desafio, repetição e diversidade de aviões e pilotos para desbloquear, níveis de dificuldade crescentes e missões interessantes, Aces of the Luftwaffe – Squadron é um excelente vertical schmup com sabor a novo que podemos comprar na Switch e no PC. Um maravilhoso sucessor do que 1942 e outros jogos semelhantes mas trazidos para 2018, com toda a glória e exigência mecânica que os jogadores de hoje exigem.