Em 1889, foi feita em Paris a Exposition Universelle para celebrar os 100 anos da tomada da Bastilha. Entre outras grandes obras foi erigida uma grande torre de metal a que foi dado o nome do engenheiro que a desenhou: a torre Eiffel. Com os seus 324 metros (aproximadamente 80 andares) foi na altura, e durante muitos anos a mais alta obra erecta por humanos. Ora, o ser humano não gosta que outro ser humano faça algo maior do que ele é capaz, portanto uns anos depois em 1893 em Chicago, os organizadores da World’s Columbian Exposition queriam que a feira toda fosse maior e melhor que a de Paris mas acima de tudo que uma obra de engenharia conseguisse “Out-Eiffel, Eiffel” como um dos organizadores o disse, ser mais Eiffel que Eiffel. Depois de muitas propostas rejeitadas, George Washington Ferris criou algo ainda mais admirável que a gigantesca torre: a Ferris Wheel, ou a Roda Gigante que era uma obra tão rocambolesca que apenas quando foi apresentada pela segunda vez e à falta de melhor opção (para não falar de prazos cada vez mais curtos) foi aceite. A razão pela qual fiz este fait diver introdutório foi porque descobri alguém que recentemente tentou fazer algo semelhante no mundo dos videojogos, querendo “Out-Nintendo, Nintendo” mas da mesma maneira que se na feira de Chicago quisessem ser melhores que Eiffel construindo uma torre de metal, mais cilíndrica ou mais alta…

A Nintendo tem a sua maneira de trabalhar muito peculiar, tem o seu estilo próprio que os fãs não se importam por mais que critiquem, no fim de contas estamos a falar de uma empresa que vai lançar o seu primeiro serviço de subscrição mensal este mês, sobre o qual sabemos da sua existência há cerca de ano e meio, mas temos tantos pormenores hoje do que tínhamos há 3 meses.

*Spoiler Alert*– Não temos muita informação!

Contudo não é esse o tema de hoje. É normal que quando a Nintendo faça algo, sejam várias as empresas que vão seguir a sua batida, e tentam ganhar algum dinheiro com artigos paralelos ou semelhantes. Lembro-me bem quando a Wii começou a ter o seu incrível sucesso, a quantidade de apetrechos e extensões de WiiMotes que eu encontrava nas lojas de jogos como as desaparecidas Game e a outra… a Gamin… Games… não me lembro do nome. Prateleiras de raquetes, tacos de golf e baseball em plástico branco empacotadas como brinquedos contrafeitos de feira, enchiam prateleiras nessas lojas, todos eles inúteis mas todos eles fizeram algum dinheiro a estas empresas que vejo como aqueles peixes que se colam a tubarões* com um sistema tipo ventosa para conseguir comer os restos que os grandes predadores deixam escapar. Outro exemplo desta simbiose empresarial é a quantidade de acessórios de marca branca que aparecem para as consolas da Nintendo (portáteis, de sala ou híbridas) que aparecem dias depois do lançamento das mesmas: comandos, grips, botões, caixas de transporte, protectores de ecrã, etc., etc., etc.. Daí que estranhei, não ter visto nada ainda para o Nintendo Labo. Mas vi melhor, um falso Labo!

Disponível em breve por venda online estará o PixelQuest Arcade Kit feito pela Nyko. Pela módica quantia anunciada de €19.99 podem transformar a vossa Switch numa máquina arcade de cartão. Para quem é fã e tem dos vários clássicos arcade ou outros jogos co-op/vs que a consola tem disponíveis, pode ser uma boa opção. É óbvio que o pequeno ecrã da consola não é ideal para duas pessoas jogarem tão próximas mas à falta de melhor opção é viável, mas isso seria apenas para quem quer jogar fora de casa, e levar uma caixa relativamente grande para todo o lado derrota o propósito de portabilidade da consola, e esse é exactamente o ponto a que quero chegar. Quando o Nintendo Labo foi lançado, apesar de não ser um produto apontado para mim, achei-o uma obra de engenharia genial, e o que eu gostaria de ver era que jogos fossem criados para aproveitar as capacidades dos periféricos, fossem eles jogos de mechas para o robot kit ou de música para o piano. Ou até softwares de “make your own game” porque o objectivo principal do Labo é uma mistura entre o educativo e o lúdico. Talvez ainda vá ver jogos para isso um dia, porque sei que eles não são feitos do dia para a noite, mas não me parece.

Ver empresas como a Nyko criarem este arcade kit vai um pouco contra o conceito do Labo, e é pena, podiam usar a sua criatividade para algo mais respeitoso do material com que tentam competir. Dito isto, é bem provável que vá comprar um porque são giros à brava e tenho ideias bem fixes para o decorar, mesmo que tenha certas duvidas acerca da durabilidade disto. Não superam a Nintendo no seu jogo, mas na verdade se George Ferris ou outro engenheiro americano tivessem feito uma torre mais alta, mais larga ou simplesmente com uma forma ligeiramente diferente da Eiffel, as pessoas iam ver na mesma. Afinal, não é por existir o Aquário Vasco da Gama que as pessoas não vão ao Oceanário, já que estamos no tema de feiras mundiais.

Se a Nyko fizesse uma mesa arcade em cartão para a Switch também era uma compra certa para mim.

* Nota do editor: são rémoras.