Mestrar uma sessão de um RPG de mesa é diferente de jogar nela (principalmente se o RPG em questão assumir a estrutura tradicional de Mestre de Jogo e de jogadores). É diferente porque deixa de se gerir uma única personagem para assumir as rédeas de um mundo e, nalguns, casos de um universo (ou vários). São experiências totalmente distintas, e é essa mesma distinção que faz com que valha a pena experienciar ambos os lados.

Há vários aspectos a ter em conta quando se toma o manto de Mestre de Jogo. A primeira é que vai ser necessário investir mais tempo na preparação da sessão. As demandas, os NPCs, a intriga, são tudo elementos que precisam de tempo para ganharem vida.

De seguida, a própria forma de encarar o jogo tem que mudar. Muitos Mestres de Jogo acabam por sentir-se frustrados quando os jogadores não seguem a narrativa que eles criaram e/ou destroem todos os elementos da mesma. O Mestre de Jogo tem que aceitar que não vai contar a sua história, mas, em conjunto com o grupo, contar a de todos. Ele deve preparar-se para fornecer uma experiência que vá ao encontro das espectativas do grupo, gerindo-as depois com a sua forma de pensar e de agir (podendo em qualquer altura sair da sua zona de conforto).

É possível levar a cabo uma sessão onde haja um confronto directo entre Mestre de Jogo e os jogadores, uma forma de derradeiro combate que decidirá qual é que é o lado vencedor. Se toda a gente concordar com esta dinâmica, óptimo. O problema surge quando o Mestre de Jogo pensa que é sob esta premissa que o jogo deve ser mantido.

O Mestre de Jogo deve estar preparado para ver uma simples sessão a multiplicar-se porque os jogadores não acompanharam a sua linearidade. O Mestre de Jogo deve estar preparado para ver os jogadores a dizimar as suas criações e deve desfrutar do mesmo entusiasmo quando o fazem. Custa ver uma personagem sobre a qual investimos tanto tempo e dedicação a desaparecer, mas se a história ganha com isso e se daí resulta uma memória que será para sempre recordada pelos jogadores, então valeu a pena.

Ser um Mestre de Jogo não é mais ou menos difícil do que ser um jogador. É apenas diferente. Pode intimidar ao início, mas, com um pouco de ajuda do próprio grupo, o manto rapidamente se veste.

Tal como toda a gente deveria experimentar jogar RPGs de mesa, toda a gente deveria experimentar assumir o papel de Mestre de Jogo.

Se achas que o teu grupo está a precisar de algo novo, porque não sentares-te tu atrás do DM screen? Quem sabe, poderás ser surpreendido.