A Hora do Meh #26

Diz-se que não se deve julgar um livro pela capa. Talvez seja verdade, mas é o que fazemos. Seja com pessoas, locais, comida, livros ou jogos a primeira impressão conta muito, aqueles primeiros segundos são o que nos fazem avançar ou recuar perante algo. Num mundo ideal, as capas que vemos deveriam mostrar o que está no seu interior, mas na maior parte dos casos, a bela fachada apenas esconde falta de conteúdo. Infelizmente os dois jogos desta A Hora do Meh são casos desses, em que pareciam interessantes mas falharam no resto, por uma ou mais razões.

Começando por Friday 13th Puzzle Killer, este port para Steam do jogo mobile é tão dispensável como a maior parte destes ports. Mesmo sendo Free to Play tal como nas suas versões portáteis é um desperdício de tempo. Visualmente tem a sua piada, ver um Jason Vorhees que parece ser feito de LEGOs Duplo a assassinar jovens com animações ao mesmo tempo queridas e grotescas tem a sua piada, durante uns minutos. Talvez até ao final do tutorial na melhor das hipóteses.

Um puzzle game em que movimentamos o assassino, como aqueles jogos em que se desloca um bloco de gelo num cenário, é pouco interessante, mesmo com dificuldades acrescidas nos níveis mais avançados acaba por aborrecer. É grátis, não se perde muito por testar em qualquer plataforma, mas sinceramente é só meh… mais vale deixar-se sossegado nas águas do Campo de férias de Crystal Lake, até que morra afogado ou seja cortado em pedaços por um machado.

Uma desilusão ainda maior foi Airheart – Tales of Broken Wings. Tinha tudo para ser um jogo interessante mas falha em ter aquela magia, aquela chama que chama a atenção. Em Airheart controlamos Amelia uma jovem que vive numa cidade voadora, num mundo desolado em toda a gente tem pequenos aviões, e pescam peixes aéreos. Também recolhem coisas com arpões e lutam contra piratas em aviões. Amelia que subir o mais possível para poder capturar uma baleia, e assim nunca mais precisar de dinheiro na sua vida. É um enredo pragmático mas também não temos que ser os salvadores do universo e todos os outros sítios em todos os jogos, pois não?

Ter um objectivo mundano é possivelmente um dos pontos mais interessantes de Airheart. Além do acenar subtil à icónica Amelia Earhart, a primeira mulher a cruzar sozinha o Oceano Atlântico num avião. A ideia de uma cidade flutuante em que controlamos um pequeno avião em vista top-down e cada nível que subimos permite a visão dos que deixámos para trás é engraçada. Até a repetição de recolher peixes para vender, melhorar o avião para chegar mais longe num estilo roguelike não é fastidioso. Tem todos os ingredientes necessários, gráficos, jogabilidade, customização, está lá tudo. Mas ter as peças todas não querem dizer propriamente que se possa ter um avião funcional. Airheart tem falta de aerodinâmica… despenha-se numa espiral de fogo e fumo em local desconhecido para nunca mais ser encontrado.

Por um lado é seria bom poder julgar todos os livros pela sua capa, mas por outro lado, que monstrosidades andariam na rua se as nossas caras fossem tão incompletas e feias como os nossos espiritos?