Creio que volto à temática sempre que me encontro perante um novo acessório de gaming. Qualquer elemento de interface serve para criar uma ponte entre o utilizador e a máquina. Para utilizadores diferentes, diferentes necessidades e gostos. Daí que toda e qualquer análise a acessórios como o de hoje – um rato – tenha sempre uma elevada carga de subjectividade, principalmente quando o mote é o da ergonomia.
Não é a primeira vez que temos ratos da Steelseries para análise, e aquele que aqui analisámos há uns meses, o Rival 700, continua a ser o meu rato lá de casa. A qualidade de construção é irrepreensível, a fiabilidade dos sensores e da comunicação idem. O resto é uma questão de preço, de gosto pessoal e de parametrização. Ora, se o Rival 700 se aninhou no conforto da deliciosa lareira que são os meus jogos preferidos, o Rival 600 anda lá perto. Não tem aquilo que lhe permite aperfeiçoar a ligação a determinados jogos, mas tem um conjunto de configurações que lhe permitem estreitar os laços com a componente humana do jogo.
Se há característica que, de facto, salta à vista neste Rival 600 é a ergonomia. Ressalvando-se o facto de ser apenas para destros, todo o rato assenta na mão de forma a roçar a perfeição. O material de contacto com os dígitos, nas laterais e nos botões, é em silicone, o que oferece aderência de uma forma quase aveludada, absorvendo humidades e transpirações. O formato do dispositivo também merece destaque, sendo compatível com vários tipos de grip, que é como quem diz a forma de se agarrar e utilizar o rato. Mas a preocupação com a facilidade e conforto de utilização não se ficam por aqui. A inclusão de vários pesos amovíveis no rato permite personalizá-lo para que até o seu peso se adeqúe de melhor forma a cada um. É um pormenor, claro. Mas é um pormenor apreciado por aqueles que buscam um interface mais orgânico e intuitivo com o computador. E eu sou um deles. Destaque também para o detalhe das abas laterais magnéticas, a permitirem a personalização “de capot aberto”, mas a fecharem de forma robusta e imperceptível.
Para o resto das configurações à medida, o software Steelseries Engine, fornecido pela marca, permite um sem-número de configurações e ajustes para que a experiência seja totalmente personalizada. E, como mencionei na anterior crítica ao Rival 700, não sou dos maiores fãs dos RGBs nos ratos. Mas a parametrização passa por aí também, sendo possível definir cores ou conjuntos de cores para uma miríade de zonas de luzes no rato. Eu não ligo. Mas é interessante ver o detalhe com que a marca produziu o equipamento. A personalização total dos botões mecânicos é também algo bem-vindo. E cai-me muito, muito bem a disponibilização de um terceiro botão na lateral esquerda. Os dois vão sendo comuns. O terceiro, menos comum, acaba por me servir para um atalho que tenho vindo a usar com cada vez mais frequência: Parar/Tocar música no programa de media que tiver aberto, ainda que minimizado. Faz maravilhas com o Spotify!
O resto tem o selo de qualidade que a Steelseries vem conferindo aos seus produtos. Dois fantásticos sensores garantem a maior precisão de movimento, com um sensor de profundidade para afinar a dita nos movimentos que implicam o levantamento do rato na mesa. O resultado é aquilo que acho que se pretendia ao lançar este rato: um dispositivo para uma utilização verdadeiramente orgânica, em que a fronteira homem-máquina que define um interface seja, cada vez mais, um fino véu transparente.