Depois de sobreviver a um ataque de zombies e salvar uma estação espacial estivemos outra vez no Dolce Vita Tejo para testar a mais recente experiência da Zero Latency: Engineerium.

Antes de ir mais longe, é preciso explicar a “evolução” das experiências da Zero Latency para depois avaliar Engineerium no seu todo. A sua primeira aventura, se lhe podemos chamar assim, passa-se num local quase fechado, a equipa de jogadores está num pequeno espaço em que tem que impedir uma invasão de zombies, até serem resgatados de helicóptero. Apesar de ser quase estacionário (podemos mexer-nos mas numa área muito limitada) é um jogo altamente intenso, concentrando a maior parte da sua acção na vertente de shooter. Já Singularity apesar de ter uma vertente de shooter também, tem uma parte de exploração, em que nos movemos por corredores e plataformas de modo a criar algo mais imersivo. Daí passamos para Engineerium, onde nos tiram as armas e nos colocam num nível muito mais elevado de plataformas e movimentação. E quando digo um nível mais elevado é tão literal como metafórico.

A primeira coisa a notar sobre Engineerium é que é o mais belo de todos os jogos da Zero Latency: o enorme espaço em que nos encontramos é como se fosse um paraíso tropical. Mas um paraíso desmontado e com um sentido de gravidade peculiar. Encarnamos seres etéreos (aqui mais um avanço por parte da produção do jogo em que todos têm uma mascara diferente ao contrário dos jogos anteriores em que os avatares eram idênticos) que procuram reunir-se com o seu povo e para isso têm que resolver puzzles que lhes abrirão o caminho até esse destino.

Há plataformas em nosso redor e o nosso objectivo é chegar em equipa a umas esferas cintilantes ou plataformas de pressão para passar ao desafio seguinte e tudo isto seria fácil não fossem as plataformas suspensas no ar, e algumas inverterem a nossa posição utilizando espirais e semicírculos. De início faz bastante confusão, a meio também e se calhar também no fim, porque é algo complicado para a nossa mente entender que o “espaço aberto” que está ao nosso lado, é chão e podemos pisar sem cair, ou que não temos que torcer o corpo quando fazemos a espiral porque estamos sempre em terreno plano. O que quero dizer com isto é que o processo de habituação àquele mundo vai depender de pessoa para pessoa. Talvez seja isso mesmo que faz de Engineerium uma óptima experiência inicial VR para os mais novos ou para quem nunca testou antes.

Temos cada vez maior acesso a conteúdo de software VR em casa, não só pela quantidade gigantesca de jogos que estão acessíveis no Steam mas também no PSVR, contudo é bastante caro ter um set-up desses, seja ele o da PlayStation, sejam as suas contrapartes para PC, mais um computador potente o suficiente para correr os jogos. Se formos ver que nem toda a gente gosta ou se adapta fisicamente ao sistema é um risco financeiro enorme. As experiências da Zero Latency permitem que os jogadores testem os seus limites físicos e mentais neste ambiente, sendo que Engineerium é perfeito para o público-alvo mais jovem devido à sua ausência de violência mas também por colocar no jogo elementos de resolução de puzzles e cooperação mais interessantes. Apesar de não ter armas não deixa de ser emocionante, como pai de barba rija que sou, confesso que em alguns momentos senti os joelhos a tremer e um nózinho na barriga.

Engineerium tem um custo de €14.95 por pessoa, que à partida pode parecer caro, mas pensando que é pouco mais que um bilhete IMAX e dá uma experiência muito mais imersiva (apesar de mais curta que um filme) é um preço decente. Especialmente se formos comparar ao que custaria ter um set-up VR completo que possivelmente seria raras as vezes em que iríamos jogar. Para uma ocasião especial ou apenas para ter uma experiência diferente com família e amigos, passem lá e testem Engineerium, de certeza que vai valer a pena.