Mais um Battle Royale? Senhores e senhoras, este tema já enjoa, parece que só existe uma receita para o sucesso. Será que a industria dos videojogos passou a ser gerida numa generalidade por antigos diretores de programas da TVI? Espera aí! Agora que estou a ver isto é uma versão do Battle Royale do Battlerite. Como assim? O Battlerite é um MOBA (ou para alguns ARTS) que de repente passou a ser Battle Royale logo agora que saiu o COD BO4 com uma abordagem que rivaliza com o que se pode chamar o pai da coisa, o PUBG?

Até gostei do conceito do Battlerite quando o joguei, e tenho pena que tenha tido poucas pessoas na Friends List da Steam que o tivessem e como consequência tenha jogado muito pouco ao mesmo. Um título tão user friendly como este, apesar de ser preciso uma mestria de muitas horas de jogo para que nos tornemos um bom jogador, uma arena com um nímero limitado de jogadores em que cada um veste uma personagem com meia dúzia de habilidades, todas elas com cooldowns muito baixos o que permite um festival de cores e efeitos bastante interessantes no ecrã, levando a alguns minutos de stress e diversão por cada partida.

Pegando neste conceito de Battlerite inserimos agora o conceito de Battle Royale e passamos a ter Battlerite Royale, o BR diferente do que se tem visto por aí: maioritariamente shooters de primeira e terceira pessoa e passamos a ter um MOBA Free For All, como há muito tinha saudades. Não que tenha alguma vez jogado um MOBA Free For All “a sério” para alem daqueles mapas manhosos do WC3, ou agora, do DOTA2 mas sim porque a realidade é que os Battle Royale fazem-me viajar cerca de 15 anos para um tempo em que ter 512kb de velocidade de internet era espetacular, ter tráfego ilimitado era um sonho e as horas que passava a jogar Ultima Online eram contadas para que não ficasse de castigo no final do mês.

Ultima Online é dos jogos que estão guardados no meu baú das memórias para todo o sempre, um RPG em que só andávamos em 8 direções mas para termos qualquer coisa dentro do jogo tínhamos que ou sermos nós a perder horas a craftar ou a farmar gold para comprar aos players crafters. O grande problema de Ultima Online é que quando se morria no jogo o espírito do personagem abandonava o corpo, nos passávamos a controlar um fantasma e o nosso corpo ficava estendido no chão disponível para qualquer larápio que estivesse por perto nos levasse TUDO o que tínhamos. Nada estava bounded à personagem à excepção do Spellbook, isto fazia que sempre que abandonávamos a segurança da nossa casa dentro do jogo passássemos a ter a mesma sensação que passar na Zona J com uma mala recheada de dinheiro. Os níveis de adrenalina eram brutais cada vez que acabava um combate com outro jogador, tivesse eu perdido ou vencido, fosse eu melhor ou pior jogador que o meu adversário, o final da batalha era sempre um respirar fundo para tentar acalmar o tremor dos membros superiores e os batimentos cardíacos aceleradíssimos.

Este sentimento de adrenalina era o que durante muitos anos procurei em outros RPGs sem sucesso e acabei por 15 anos depois encontrar juntos dos Battle Royale e agora mais especificamente com Battlerite Royale. Temos várias personagens à disposição, estando todas elas desbloqueadas desde o primeiro momento de login, cada uma com formas de jogar diferentes, skill sets diferentes, criando uma variedade muito engraçada. Entrei e fiz o tutorial, cheio de vontade de experimentá-lo, comecei rapidamente a primeira partida. Começamos como noutros do género: um transporte voador no qual podemos saltar a qualquer momento da sua travessia pelo mapa de jogo. São trinta os jogadores que são postos à prova a cada partida de Battlerite Royale, parece pouco mas o mapa de jogo não é tão grande assim que justifique mais jogadores. Ao saltar do dragão, caí numa casinha sozinho onde comecei a destruir freneticamente as bolas que guardam os items e habilidades para nós melhorarmos a nossa personagem, ao fim de 1 minuto ouvi passos e estava um jogador à minha frente. Uma patada da adrenalina e de repente sinto novamente aquele maravilhoso sentimento que tantos anos procurei: estou com medo de perder o que ganhei, o que juntei e tudo se resume a sobreviver àquele combate, uma serie de más jogadas entre mim e o meu adversário e dou por mim a vencer o combate com pouco mais de 10 de HP sendo o máximo na altura de 140.

Que combate frenético e que adrenalina, rapidamente recuperei o HP e pus me à caça… mas acabei morto pouco tempo depois! Decidi explorar os cerca de 25 personagens que o jogo tem disponíveis, jogar uma a duas vezes com cada personagem de forma a achar aquele com que mais me identificava, encontrei vários mas nenhum foi aquele que me preenchesse. Consegui a minha primeira vitória ao fim de algumas horas e entretanto resolvi tentar o modo Duos, onde equipas de dois se debatem pela supremacia. No entanto o problema que tinha sentido no Battlerite estava presente de novo, não tinha ninguém na Friends List com o jogo mas como queria dar a chance ao jogo resolvi entrar no Discord do Battlerite e lá rapidamente encontrei um parceiro, alemão com um estilo de jogo bem oposto ao meu. Eu que adoro combater e se ganhar o jogo quero que seja porque levei vários dos jogadores para a cova, o meu parceiro era bem mais passivo, muito preocupado com o não morrer, preferia não combater e não morrer do que combater e correr o risco de morrer.

Verdade seja dita, aprendi algumas coisas com ele mas rapidamente percebemos que não íamos ter grande sucesso, como qualquer pessoa simpática faz, o alemão decidiu dizer que tinha que ir jantar às nossas 16h, 17h para ele, ficando eu sozinho. Voltei a tentar o Discord. Desta vez um sueco, com alguma experiência em Battlerite. Das primeiras coisas que me disse foi “eu gosto de saltar no início e quero é combater, odeio passear e morrer” e eu pensei “é a minha cara metade!!!”… A realidade é que ao fim de 3 horas de jogo e muitas mortes nos primeiros 5 minutos de jogo tínhamos arrecadado 4 vitórias e vários segundos e terceiros lugares. Cada vez que ganhamos, o prémio é uma caixa de costumizáveis aleatórios que podemos alterar visualmente as nossas personagens.

Voltei a jogar SOLO durante mais uns dias mas continuava à procura da minha personagem, foi então que esta semana saiu o patch 0.2 da versão Halloween tendo disponibilizado uma nova personagem Ruh’Kaan, como sempre em qualquer jogo que lança novidades e eu jogue, a primeira coisa que faço é testa-la. Nesse dia estava a jogar duo com um colega galináceo Pedro Nunes, primeiro jogo morremos cedo, segundo jogo alonga-se e no terceiro jogo a luva serve.

Depois do Pedro morrer (não na realidade) surge-me o primeiro inimigo. Estava sozinho, na mesma situação que eu, o seu parceiro estava morto e isso era a minha oportunidade para ter um combate justo 1 para 1 elevando assim as minhas hipóteses de chegar um pouco mais longe na tabela de classificação. O combate foi renhido mas eu levei a melhor. É tempo de regenerarquando me cruzo com as últimas duas equipas: 4 jogadores à minha frente todos com a segurança de um combate a pares e eu sozinho sem o meu wingman, resolvi esperar que as duas duos se defrontassem e eu tivesse uma oportunidade para fazer mais uma escalada na tabela e essa oportunidade foi me presenteada. Um erro por parte de uma das equipas permitiu-me saltar no meio deles e levar ambos à morte ficando 2 para 1 numa situação em que ambos os adversários estavam a mais de metade da vida. Resolvi jogar como a seleção italiana de futebol, no contra ataque, e acabei por encostar-lhes as costas ao prado verde.

Há algo que os Battle Royales têm de maravilhoso e que de repente, volta a surgir: respirei fundo e agarrei-me à vitoria, uma série de boas decisões depois e estávamos os dois a gritar vitória como se tivéssemos ganho a lotaria. Uma série de elogios de parte a parte e estávamos prontos para outra, queríamos outra vez aquela sensação, aquela adrenalina! Para quem já sentiu isto, bem-vindos aos BattleRoyale. Para quem gosta de MOBAs e de Battle Royale, Battlerite Royale é sem duvida o casamento perfeito e uma excelente opção para a combinação das vossas expectativas.