Por norma, e até mesmo por defeito, temos uma forte tendência para rotular tudo e todos com base no mais ínfimo detalhe. Se falarmos em ginásio, a primeira coisa que nos vem à cabeça tende a ser um monte de tipos musculados a suar em bica; se dissermos gótico, a primeira coisa que nos virá à mente será pessoal vestido de preto, predominantemente com peças de cabedal e adereços metálicos, com uma palidez cadavérica clara e olhos enegrecidos com maquilhagem; se pensarmos em nerds, iremos imaginar malta que usa óculos mais que graduados, que tem a cara coberta de acne e que inclusive joga Dungeons & Dragons na cave da casa em que vive que é a casa dos pais. Felizmente, há casos em que os estereótipos são mais que quebrados, são completamente obliterados.

Esta inclinação para julgar algo ou alguém tendo apenas por base uma ideia pré-feita, é algo ao qual não se pode propriamente fugir. Ter uma mente aberta ajuda, mas ainda assim, por vezes não é suficiente. Para todos os efeitos, e de forma a fazer a total diferença, há uma série de eventos e de movimentos que têm isto mesmo em mente, acabar com o estereótipo.

Pegando no último exemplo e deixando a luz da ribalta abater-se sobre Dungeons & Dragons a ideia dos miúdos, e até pessoal graúdo, a jogar na cave em absoluto secretismo é algo que é frequentemente explorado, principalmente em filmes e séries que querem apresentar este tópico. Infelizmente, na maior parte dos casos, não só é dado um mau exemplo, por causa dos exageros caricaturais apresentados, como também o próprio jogo é mal utilizado.

Podia aqui pegar no exemplo de Stranger Things em que, para todos os efeitos, a cena de abertura da série é um grupo de rapazes completamente normais a jogar Dungeons & Dragons. Aqui não só as personagens estão envolvidas correctamente no jogo, como o próprio está a ser devidamente apresentado.

Posso ir mais longe e então destruir completamente o estereótipo, falando no curto vídeo intitulado D&Diesel onde o actor obcecado pela palavra “família” e carros que gostam muito de quebrar as leis da física, Vin Diesel, é visto a jogar Dungeons & Dragons, algo que lhe é querido e que ele explora desde tenra idade. A juntar ao Vin Diesel temos também um homenzarrão que gosta não só de distribuir chokeslams mas também de Dungeons & Dragons, como se pode ver durante uma das emissões do Stream of Many Eyes, e estou a falar do grande (pun intended) Paul Wight, mais conhecido por Big Show.

E é claro que não podia estar em falar disto sem referir o grupo que mais tem ajudado a quebrar qualquer rótulo pré-concebido e a expandir a comunidade dos RPGs de mesa. Aqui o elenco de Critical Role destaca-se incontestavelmente.

Há toda uma série de celebridades que falam abertamente sobre a sua paixão por Dungeons & Dragons, como é o caso de Stephen Colbert e Joe Manganiello. E sempre que o fazem, há alguém que se chega à frente e que diz que também rola dados em volta de uma mesa enquanto faz vozes estranhas e não tem problemas nenhuns com isso.

Não é preciso muito para fazer a diferença. Basta acreditar naquilo que se faz e ver de que há mais a ganhar em partilhar do que em fazer disto uma exclusividade. À mesa de jogo não preconceitos. Há pessoas, homens e mulheres, de várias faixas etárias, de várias etnias, de todas as formas e feitios, cada um com os seus interesses e ambições pessoais e que estão unidos não só pelo espírito de grupo e pela companhia uns dos outros, mas também pela paixão que partilham por Dungeons & Dragons e outros tantos RPGs de mesa.