Todos gostamos de dar vida às personagens que criamos, e muitas das vezes fazemos isso tendo por base a inspiração em criações nossas adoradas em outros meios como o cinema.

Não é à toa que muitos (eu incluído) usem O Senhor dos Anéis para explicar o que é Dungeons & Dragons e para cativar novos jogadores a viverem os seus sonhos de interpretar os seus Aragorns, os seus Gimlis, os seus Legolas e os seus Gandalfs.

Ainda assim, durante o momento de criação, há muitos elementos que acabam por ser partilhados e quase cair no domínio do cliché como a personagem ser o protagonista de uma profecia há muito esquecida, ver os seus pais (ou quaisquer outros familiares) a morrer violentamente à sua frente, ou acordar com amnésia sem qualquer noção de quem é. Não há nada contra estes suportes narrativos, mas há pequenas alterações que podem ser feitas de forma a que toda a dinâmica à mesa ganhe outros contornos.

Aqui ficam algumas sugestões:

  • O soldado que não passa disso mesmo – Só porque se escolheu uma vida militar não quer dizer que a mesma tenha sido vista como a única forma de fazer justiça ou para executar um qualquer plano de vingança. Se calhar é quase que uma tradição familiar e quando chegou a altura, ingressou-se na força militar local com a bênção dos familiares que se encontram bem de saúde.
  • O membro do clero com dúvidas – Personagens com filiações religiões vêem na adoração à sua divindade a fonte do seu poder. Mas, e se for difícil de acreditar? E se em vez da divindade em questão, o mesmo poder vem de dentro, seja ele um sentimento de justiça, de vingança ou de mera existência? Isto, por sua vez pode ser visto com estranhos olhos pelos restantes membros.
  • O guerreiro filosófico – Às vezes, depois de milhares de litros de sangue derramados em combate durante incontáveis anos, a adrenalina já não é a mesma, dando lugar a uma contemplação mais pausada e sentida sobre o porquê de tudo.
  • O entertainer que tem medo do palco – Fazer os outros rir pode ser das tarefas mais difíceis, o que se agrava mais quando se tem medo do palco ou qualquer outra falta de à-vontade quando perante mais que meia dúzia de pessoas. Pode ser que a descoberta do verdadeiro potencial venha da superação desse pequeno grande obstáculo.
  • O ladrão com mãos de manteiga – por vezes só nos apercebemos do quão maus somos em algo depois de mergulhar de cabeça. E será isso realmente mau ou não passará de um teste constante das nossas habilidades?
  • O espião que dá sempre com a língua nos dentes – Todas as informações são boas, principalmente as que estão imersas em segredo. Tão boas até que é uma pena guardá-las só para nós.
  • O aventureiro que mal pode esperar por se reformar – a vida de um aventureiro é imprevisível, e nem todos são talhados para ela (insert arrow to the knee joke here), de tal maneira que, independentemente de quantas vezes nos chamem, mal podemos esperar pelo dia em que já não sejamos necessários.

Já se sabe que o número de combinações e a profundidade das mesmas é proporcional ao nível da imaginação de cada um. E é nesse processo de descoberta que os verdadeiros tesouros se encontram.