Quando vemos o titulo Thronebreaker: The Witcher the Witcher Tales a nossa atenção é capturada de forma inabalável. Witcher tornou-se num ícone no mundo dos videojogos assim como a CD Projekt Red (CDPR), a sua criadora. Portanto mais que justo ficar de olhos arregalados quando vemos um novo jogo com estes dois nomes por trás dele.
Thronebreaker leva-nos a Lyria durante a segunda guerra com Nilfgaard, onde vivemos o papel de Meve, a rainha de Lyria e Rivia, embarcando numa demanda para libertar os reinos do norte do império de Nilfgaard. Como Meve somos compelidos a liderar o que sobra das nossas forças militares e percorrer o norte à procura de novos aliados. Na nossa perigosa jornada somos confrontados com decisões difíceis e obrigados a testemunhar eventos dignos de pesadelos.
A narrativa está simplesmente excelente, como um bom livro estamos sempre com vontade de voltar rapidamente para ver o desenrolar dos acontecimentos. A CDPR não descurou pormenores para ajudar à narrativa: as vozes estão perfeitas, a arte é deslumbrante e a escrita fantástica.
Embora seja descrito como um jogo RPG, Thronebreaker não é exactamente o que esperamos do género: as suas mecânicas são centradas em batalhas com cartas de Gwent e alimentado por uma história intensa e cativante enquanto navegamos o mapa num estilo reminiscente do antigo Heroes of Might and Magic. Porém não é apenas mais uma expansão de Gwent, é um jogo com os seus próprios méritos e que vive não só das suas batalhas mas sim de um todo que se conjuga muito bem.
As batalhas de Gwent
Em Thronebreaker as batalhas são resolvidas em partidas de Gwent contra uma IA, apesar de termos batalhas mais convencionais a maioria são puzzles ou situações desenhadas em particular para Thronebreaker. Tendo passado recentemente algumas semanas a jogar MTG Arena é inevitável chegar a comparações, como jogo de cartas é divertido mas o Gwent que encontramos em Thronebreaker não é exactamente o melhor jogo de cartas que podemos jogar.
Ainda assim, quando enquadrado no jogo, estas batalhas conseguem ser bastante divertidas e cumprir muito bem o seu papel no desenrolar da narrativa, graças à variedade de puzzles e diferentes tipos de batalha, além de se mesclar bem com o jogo resulta em termos de divertimento.
Os puzzles são sempre diferentes e proporcionam uma boa dose de concretização com a sua resolução. Vamos tendo acesso a várias e diversas cartas que nos dão a possibilidade de ir mudando o nosso deck e ter tipos de jogo distintos. Conseguimos ao longo do jogo ter experiências de jogo muito variadas e isso é uma grande mais valia.
Pese tudo o acima referido não podemos deixar de sentir que é um pouco fácil e que por vezes falta um pouco mais para nos “preencher” por completo.
Exploração do Mapa
Embora o core do jogo sejam as suas batalhas, o mapa, a sua navegação e o seu design são igualmente importantes para o jogo. Os mapas têm uma arte espectacular, acompanhados de música que confere uma atmosfera pesada e adequada. Aliás já é algo reconhecido no universo de Witcher e que em Thronebreaker se mantém com a qualidade usual.
No mapa navegamos pelas diversas áreas do mundo, e é um mundo grande, recolhendo recursos e seguindo os eventos. A navegação do mapa recorda muito o que era a navegação de Heroes of Might and Magic, em que recolhemos os recursos, deslocamos-nos para a diversas localizações mas depois a acção que activamos no mapa desenrola-se num outro formato, como as batalhas acima mencionadas e assim como eventos de narrativa que vamos despoletando.
Para além dos recursos que vamos recolhendo temos também a oportunidade de conseguir encontrar alguns eventos que podem para além de ter efeito nos nossos recursos podem também afectar a moral das nossas tropas tanto de forma positiva como negativa.
Ainda na navegação podemos aceder ao nosso campo, campo onde podemos construir o nosso deck, podemos interagir com os nossos comandantes na messe e podemos fazer melhoramentos a todas as estruturas de forma a com isso melhorar as nossas cartas. Inclusive podemos melhorar o nosso campo de forma a conseguir bónus fixos para as batalhas, algo como +1 de armadura para todas as unidades.
O ponto mais negativo é mesmo o movimento da personagem no mapa por vezes é contra-intuitivo, e os caminhos são por vezes fechados e obrigam a grandes voltas sem grande consequência. Não é nada de grave embora seja um pouco irritante.
História e conclusão
Thronebreaker como um todo é muito mais do que a soma das partes, com todas as mecânicas a juntarem-se numa história emocionante, com a a voz de um narrador exímio e um trabalho artístico e gráfico de grande qualidade, estamos perante um titulo que superou de longe as expectativas criadas.
O desenrolar da história é cheio de surpresas, mantém-nos cativados desde o inicio e sem dúvida comanda a acção de forma contundente. As personagens estão estruturadas e têm peso e substância. Somos confrontados constantemente com decisões importantes e difíceis que influenciam de forma importante o desenrolar dos acontecimentos, o que nos coloca mais perto da acção. A sensação de desconforto na cadeira é norma quando confrontado com decisões durante a história de Thronebreaker. Já vimos este tipo de mecanismo em outros jogos e aqui está presente e feito com mestria.
Em suma, Thronebreaker é um jogo altamente aconselhável que nos traz uma experiência completa. Para quem gosta de fantasia é sem dúvida um ponto obrigatório nos jogos deste ano.