Caçada Semanal #191

Estamos em 2019. Já pararam um pouco para pensar nesse facto nestes primeiros dias do ano? A cada ano que passa a nossa data corrente soa, e muito, a ambiente de ficção científica, agora que estamos a 11 meses e muitos dias de entrar na terceira década do novo milénio. Assustador não é? Os 3 indies desta caçada são menos assustadores do que a ideia de que o já retro-futurista Akira se passa em 2019.

The Blackout Club [PC]

O interesse em torno de Stranger Things não se resume à aura de nostalgia da série, com todas as referências da cultura pop. Mas eu acredito que também se deve ao ressuscitar de uma tendência dos filmes da nossa infância de colocarem o destino da Humanidade nas costas de jovens, que com a sua inadvertida coragem acabam sempre por destruir toda e qualquer ameaça que lhes seja apresentada.

The Blackout Club, um jogo recém-lançado em Early Access no Steam pelo estúdio Question Games vem nessa senda revivalista, colocando-nos neste first person co-op horror a controlar um personagem de um grupo de jovens que se apercebem de uma entidade invisível e ameaçadora que anda a aterrorizar o seu pequeno subúrbio. A sua invisibilidade não é total, já que conseguimos seguir a criatura quando fechamos os olhos e “sentimos” o rasto que ela deixa pelo caminho.

Existem elementos de aleatoriedade em cada missão em termos de que casas e itens conseguimos interagir/entrar, o que ajuda a criar diversidade num jogo com um excelente ambiente de terror. Há aqui já excelentes ideias e óptimas execuções, tanto em termos visuais como em termos mecânicos de cooperação, e só posso fazer figas para que o resultado final faça jus a tudo o que este The Blackout Club promete.

n0d3::Exodus [PC]

Mais um jogo a chegar em Early Access ao Steam, e num nível de desenvolvimento diferente da proposta anterior. n0d3::Exodus, para além de ser um péssimo nome para pesquisar no Google ou mesmo no Steam (será que às vezes os autores pensam nas dificuldades que os jogadores poderão ter em pesquisar pelo seu jogo?) acaba por ser um FPS que raspa entre o genérico e algo que pode ter algum interesse pela sua diversidade mecânica.

O primeiro ponto interessante é o visual dos personagens, que por alguma razão com a sua silhueta esguia me relembra os EVAs da série Evangelion. Por outro lado, e a demonstrar bem o seu estado de desenvolvimento, n0d3::Exodus tem um UI terrível e plano, intrusivo, que quase quebra toda a tentativa de nos mergulhar nas simulações cibernéticas a que o jogo se propõe.

Com um tom adulto bastante vincado, os seus diversos modos propostos (que vão desde elementos single player até battle royales com 100 jogadores (pasmem-se)) poderão fazer dele uma boa aposta um dia. Resta saber por quanto será vendido.

The Hong Kong Massacre [PC, PS4]

Voltando ao temas dos 1980s, se há algo que passou pela vida de quase todos nós nessa época foram VHS de filmes de acção de Hong Kong. Para quem não viveu esse tempo podem imaginá-lo com um paralelismo do ambiente dos videojogos e pensar no jogo Sleeping Dogs que é o exemplo maior dessa inspiração cinematográfica.

No caso do promissor The Hong Kong Massacre, o promissor jogo de acção violento que captou a atenção de muita gente desde que foi apresentado como exclusivo de consolas da PlayStation, esta influência do cinema de acção é ainda mais evidente.

Numa clara mistura de Hotline Miami com filmes de vingança sangrentos e cheios de acção e pancadaria, The Hong Kong Massacre quase que nos faz desenterrar a memória de um John Woo de início e meio de carreira e/ou ir buscar as melhores representações de Chow Yun-fat.

Os maravilhosos efeitos luminosos deste jogo elevam-no acima da mera influência de Hotline Miami para outro patamar, criando um ambiente cinematográfico impressionante, melhorado, e muito, pela aplicação de bullet time a meio do combate.