Que nome se dá a um monociclo com duas rodas verticais, usadas cada uma à vez? Monobiciclo? Monobizarriciclo? Hipsterciclo? Não sei o nome, mas sei que me apetece ter uma destas motorizadas para poder saltar por cima da verdadeira praga de Tuk-Tuks que assola Lisboa. Já experimentaram conduzir nos bairros históricos da capital desde a invasão destes veículos? O nível de tensão que se acumula é tão grande que já vi filmes do Steven Seagal começarem por menos.

Deixando esta dúvida semântica para depois, na passada terça-feira no episódio do Caça ao Indie em Rubber Chicken TV puderam saber o que é FutureGrind, que para além de um ficcional desporto motorizado do futuro, é também tudo o que um fã de Diablo tem para fazer ao longo de toda a sua vida.

FutureGrind começa calmamente, num cruzamento estranho entre OlliOlli e Wipeout. Os circuitos do desporto apresentado fazem-se ao longo de circuitos constituídos por carris coloridos que levitam pelo percurso. Esta é uma competição de perícia, e por isso estamos sempre sozinhos nas milhentas vezes que repetimos cada prova para tentar superar os seus pressupostos. E acreditem (se não viram o episódio) que vão repetir vezes sem fim à medida que a complexidade mecânica e a dificuldade do desafio vão aumentando a partir de meio do jogo.

Neste jogo futurista cheio de neons (curioso como continuamos a associar uma linguagem cyberpunk e retro-futurista cheia de luzes neon, quando na realidade caminhamos em sentidos bem diferentes do ponto de vista estético) a nossa moto possui duas rodas verticais, que conseguem rodar sobre um eixo central para serem o nosso suporte nos carris. O senão das rodas é que elas possuem cores que só conseguem deslocar-se em carris da mesma cor. Qualquer contacto da mota ou da roda de cor contrária com o carril leva a uma explosão imediata.

Pelo meio dos níveis e desafios há um enredo de conspirações entre mega-corporações. Talvez ali nas entrelinhas se descubra que o desporto de Future Grind, dada a facilidade com que piloto e mota explodem, é uma espécie de limpeza darwinista de redução da população mundial. Ou isto pode ser conspiração minha sobre a conspiração que se passa no jogo.

Um jogo do género não podia deixar de nos pedir uma série de acrobacias, reminiscentes dos tempos de Tony Hawk e que ficaram até hoje, e que funcionam bem, tal como em OlliOlli, neste ambiente 2.5D. Vamos acumulando multiplicadores de pontuação se tocarmos apenas nos carris coloridos, os brancos, neutros, são usualmente mais seguros mas também quebram a corrente de bónus que tenhamos.

O problema que senti na progressão de FutureGrind é que a complexificação das suas mecânicas (com ideias interessantes de como dificultar a tarefa aos jogadores) é que os seus controlos e a sua Física não estão assim tão afinados  aprimorados quanto o desafio exige. Basta verem no VOD do episódio entre as muitas vezes que “morri” por azelhice, tantas outras foi “porque sim” ou porque a Física está ali naquele meio ponto desafinado entre querer ser uma simulação putativamente realista e a arcada. Esta intenção cai ali no meio, e por consequência quem se estatela somos nós.

FutureGrind é divertido e enervante, com boas ideias e originais, mas que por vezes são manchadas por controlos e programação da Física que não acompanha o desafio imposto ou a perícia necessária para o ultrapassar.