Eu sei que vocês sabem que nós sabemos o que vos passou pela cabeça quando leram este título. Mas não só o jogo do qual vamos falar é sobre isso, como não é sobre ir a mercados beijar peixeiras ou um Dance Dance Revolution passado no Frágil ou no Lux. O rhythm game do qual falamos foi o terceiro que jogámos no último Caça ao Indie no Twitch e que nos põe a controlar um sonar de um submarino.

(e esta piada fácil era o trocadilho do título. Obrigado e desculpem)

Sonar Beat é um jogo estranho, criado mesmo aqui ao lado em Saragoça. Mesmo o tutorial não é de todo claro e que como puderam ver no episódio só alguns minutos depois de estar embrenhado no seu ecrã preto de sonar é que comecei a perceber realmente como é que ele funcionava.

Este rhythm game joga-se com rato, utilizando os dois botões do mesmo. A parte crítica desta mecânica é que nas circunferências concêntricas do sonar por vezes surgem mais do que 1 nota, e o tutorial diz-nos apenas para clicarmos em ambos os botões. Tanto eu quanto as pessoas que nos acompanharam no episódio tivemos a mesma dúvida: será que o botão esquerdo é para a circunferência exterior, e o direito para as interiores? Ou será vice-versa?

A resposta como habitual, é mais simples do que esperamos. Sonar Beat pede-nos para clicarmos (ou mantermos premido, em alguns casos) o botão esquerdo quando apenas uma nota/alvo surgem no sonar, e o direito quando surgem duas, tendo por vezes de carregar em simultâneo. Apenas isso. Um conceito que poderia estar melhor explicado, mas infelizmente, não está.

A dificuldade de Sonar Beat não se fica apenas por compreender de forma clara as suas mecânicas, ou pela sucessão de diversas notas ao mesmo tempo e em ritmos distintos. Sempre que falhamos uma nota, esta fica como um fantasma no ecrã. Temos mais uma volta do sonar para a conseguir “resolver” sob risco de ela se tornar uma ameaça real e atacar-nos (não nos podemos esquecer que cada nota é um inimigo no nosso sonar). Só temos 1 “vida” o que significa que só podemos permitir um ataque apenas, e o seguinte, como puderam ver no episódio, leva-nos a perder o nível.

Como fã de jogos do género (sendo Elite Beat Agents e o original Osu! Tatakae! Ouendan os meus favoritos de sempre) consegui sentir o apelo de Sonar Beat. Um dos problemas mecânicos do jogo, e que o faz por vezes roçar a injustiça é mesmo a mudança de “seguimento” de instrumento. É habitual por uma questão de “justiça” mecânica de um jogo musical que as notas/pontos em que temos de acertar sigam um instrumento específico. Quem jogar Rock Band e escolher um instrumento, sabe que musicalmente estará a seguir esse mesmo instrumento nas notas que vão surgir no ecrã. Imaginem o que era jogar Rock Band, seleccionar guitarra, o jogo mostrar-nos as linhas com notas correspondentes de guitarra e a meio mudar para as linhas de bateria. Por alguns instantes a vossa atenção teria de mudar rapidamente para outro instrumento, perdendo uma série de pontos pelo caminho. Não é que Sonar Beat o faça directamente, mas com o “ruído” espectral que fica das notas que errámos, é muito fácil que um pequeno erro se torne uma bola de neve à medida que perdemos a concentração no instrumento que estamos a seguir.

A ideia e o desafio de Sonar Beat são interessantes, mas parece-me que os erros serem contabilizados de forma habitual nos rhythm games seria uma opção mais justa para quem está a jogar do que eles permanecerem no ecrã, acabando por acumular-se numa frase posterior, estragando a cadência musical e rítmica do nível que estamos a tentar bater.

A banda-sonora, essa, é extremamente agradável, e um excelente bundle de 3,76€ quando comprado com o jogo (que mesmo esse custa apenas 2,24€). Sonar Beat é interessante, e igualmente frustrante ao longo dos seus 12 níveis/músicas, com algumas subidas abruptas de dificuldade, mas é também uma das ideias mais originais que vi neste género em muito tempo. O que parece um jogo potencialmente relaxante torna-se rapidamente em algo para nos pôr os nervos em franja com o seu desafio.