Traduzido à letra Starhawk seria “Falcão das Estrelas”, o nome não é por acaso: uma das componentes do jogo envolve estarmos a pilotar uma nave de cima, “predatoriamente” a tentar apanhar jogadores desprevenidos, as presas e nós o predador.

As batalhas no céu eram sempre épicas, seja no modo historia na campanha a solo, seja no multijogador.

Starhawk foi projectado para ser o sucessor de um dos primeiros jogos de maior sucesso para a PlayStation 3, o primeiro a ter sucesso bem como um dos únicos nos primeiros 3 anos de vida conturbada da consola desesperada por um system sellerWarhawk já tinha sido o remake de outro jogo, esse um clássico da primeira PlayStation. Contudo este era um jogo completamente online, e no seu tempo foi bastante inovador, pois batalhas de 32 jogadores numa consola não era bem uma coisa comum.

Planetside 2 tinha um mapa monstruoso, mas percebe-se de onde o Starhawk foi buscar inspiração!

No PC era um caso à parte tanto como em Battlefield 1942 como Battlefield, só um ano a seguir vimos algo nessa escala nas consolas com Battlefield: Bad Company com 24 jogadores em vez dos 64 no PC. Não tive a oportunidade de ter jogado Warhawk em 2007, apesar de ter só sido no ano passado que fecharam os servidores. Starhawk, na minha óptica, era um jogo mais interessante, e importa relembra-lo pelo fracasso que foi, apesar de ser um bom jogo, a meu ver bastante mais refinado. Enquanto isso a Sony manteve Warhawk até Janeiro deste ano.

Todo estiloso, ao contrario do Warhawk, Starhawk tinha uma campanha de história a solo e um modo similar ao multiplayer mas com bots para treinarmos. A história era curta mas decente.

Starhawk seria o sucessor espiritual, sendo lançado cinco anos depois em 2012. Ainda assim o jogo não vendeu mais que 15.000 cópias, foi um desastre completo. Não encontrei razões que me expliquem tamanho flop: só para terem uma ideia, no mesmo ano após o jogo ter saído, Warhawk ainda era dos mais jogados na PSN enquanto que se tinha de esperar bastante para consegui alguém para uma partida de Starhawk. Será que os jogadores regulares de Warhawk não tivessem achado assim tanta piada ao novo jogo ou será que não sentiram necessidade em se mudar para o seu sucessor?

Há fenómenos difíceis de explicar e acredito que este é uma caso de simples moda, ou falta dela. Em 2012 o mercado estaria saturado de jogos online e a série Call of Duty como Battlefield 3 e jogos com uma temática mais realista estariam mais na moda. Se tivesse saído hoje seria difícil de prever se teria ou não sucesso, mas o que tenho a certeza é que os seus elementos e mecânicas de jogo estariam bem actuais com alguma pormenores a relembrar muitos jogos modernos, nomeadamente Fortnite e até mesmo Destiny, este ultimo na sua componente de grinding.

Nem sempre tínhamos créditos ou XP para construir o que queríamos.

A EA também poderia ter caído no mesmo destino de Starhawk, não se sabe se Battlefield Heroes poderia ter sido pioneiro de igual forma mas não passou duma ideia cancelada em 2009.

Voltando a Starhawk, a mecânicas base era a mesma do anterior: duas equipas competiam para dominar uma área e aniquilar os inimigos, conquistando ou reconquistando terreno a pouco e pouco, um pouco também similar a outros jogos como PlanetSide, outro grande pioneiro em guerras online de larga escala. Ultrapassando a base, o que mais me interessou no jogo na altura foi a introdução de mecânicas de construção, todas elas focadas na defesa da base ou conquista de terreno.

O objectivo do jogo não passava só por tentar dominar os céus com as naves, como também passava por montar uma defesa robusta para os avanços inimigos, e para isso podíamos no jogos criar barreiras, anti-aéreas, estruturas de suporte.

Havia uma “catrefada” de estruturas que já nem me lembro metade!

As barreiras, ou estruturas de apoio (apoio médico ou distribuição de armas e munições) só era possível recolhendo materiais em “orbs” que eram colhidas ou matando alguém da equipa adversária, “farmando” NPCs pelo mapa, ou recolhendo os recursos que se encontravam pelo terreno.

Muitas vezes simplesmente construía uma coisa qualquer para bloquear ou até esmagar um inimigo com a estrutura a cair-lhe em cima.

Se estou errado, vou pedir desculpa, nessa altura não tinha visto ainda nada semelhante. Eu como jogador que gosta de ser suporte fui cativado por estas mecânicas, mas é provável que aquela cultura de especialidades nesse tempo ainda não fosse um fenómeno fora dos RPGs, pelo menos nas consolas. O jogo pediu emprestado alguns elementos de RTS o que pode também ter sido factor para este “cair fora do sitio esperado” e na época errada, numa altura que se transitou de shooters mais do estilo arena para algo mais organizado, muito experimental e ainda na infância do que o género viria a transformar-se nesta década.

Passava mais tempo no chão com o Starhawk em modo Mecha do que no ar, também no ar era um alvo mais fácil de abater se o inimigo tivesse mais anti-aéreas.

Outro grande momento do jogo e do qual quase que me esquecia de falar é que as naves eram também transformers (Starhawks) que em terra eram Mechas e no ar eram caças! Também tinha jetpacks, as batalhas no espaço eram épicas, e a solo a frente da batalha um caos, lá atrás se optássemos por defender a base, ou estaríamos entretidos a tentar encontrar “penetras” ou a criar barreiras para os tanques não passarem.

Era um jogo equilibrado e diverso, seja em armas e veículos. A personalização do personagem com skins ganhas em jogo ou compradas foi também algo que na altura não apreciava tanto. Daquilo que perdemos, fica a saudade e a esperança que venha a ser reinventado numa altura que seja popular, um jogo muito à frente do seu tempo e que poderia ter hoje o sucesso que lhe faltou quando foi lançado.