Gostam dos filmes Transformers, do Michael Bay? Pois, eu também não. E de Transmoprhers, da produtora The Asylum? Ou outros filmes da sua criação, como AVH: Alien vs. Hunter ou o mais recente Avengers Grimm: Time Wars? Também não? É que por muito mau que algo seja, há sempre forma de nos encavalitarmos nele para sorver algum sucesso, como uma rémora.

As comparações de Terrorarium, o recém-lançado indie em Early Access no Steam, com os mockbusters da infame produtora norte-americana (que também brindou o mundo com a série Sharknado) são de muitas formas injustas. Dizem que “a imitação é a melhor forma de elogio”, e acredito que seja isso mesmo que tenha acontecido com o pessoal do estúdio Slitch Media e a sua paixão pela série Pikmin. Daí a fazerem a sua própria versão dos famosos jogos criados por Shigefumi Hino e Masamichi Abe foi um ápice.

O modo campanha que existe neste momento não podia ser mais colado a Pikmin. Em Terrorarium somos O Jardineiro, uma entidade cruel que tira prazer em magoar os pequenos fungos que o acompanham, e os usa sem qualquer preocupação pelo seu bem-estar. Na sua busca pela sobrevivência o Capitão Olimar também o faz, mas por necessidade, e deixamos as conversas sobre colonialismo e imperialismo para mais tarde, já que o que o une Pikmin e Terrorarium são mesmo as suas mecânicas.

À medida que deambulamos pelos níveis andamos com os pequenos Moogus à nossa volta, à espera das nossas instruções do que deverão fazer por nós. Podemos utilizar uma tecla ou um botão para os comandar a virem para a nossa volta (soa-vos familiar?) e podemos atirá-los para localizações específicas com uma trajectória em arco (e isto também, suponho?). Diferentes Moogus têm distintas habilidades, e é nessa decisão de quais utilizar e quando que resolvemos os puzzles de cada nível.

À parte das semelhanças com Pikmin, é o modo de criação a grande cereja deste Terrorarium segundo os seus criadores. Com mais de 100 tipos de plantas e criaturas customizáveis para adicionar nos nossos níveis, o estúdio Slitch Media coloca todos os Moogus na mesa do Maker Mode, onde esperam que a comunidade vá alimentando com novos níveis, partilháveis, e que estendam a vida útil do jogo para além da campanha single player.

Como dizia no início, comparar Terrorarium a um mockbuster de Pikmin pode não ser muito justo, mas infelizmente, há pouco interesse nele para além disso. O criador de níveis, por muito completo e interessante que seja, pode não ser argumento suficiente para tornar rentável ou vendável este título que tecnicamente (apesar da sua boa aplicação de uma linguagem low poly) é um Pikmin pobre. Depender tanto de customização, criação e partilha de níveis pode funcionar para uma Media Molecule ou um Super Mario Maker, mas tenho dúvidas que chegue a criar comunidade, ultrapassando a barreira inicial dos 12,49€ do seu custo.