Primeiro que tudo tenho que dizer que quando peguei em Niffelheim não sabia o que era, pelas poucas imagens que vi, achei que era um Hack and Slash 2D comum com uma temática Viking, temática essa que sempre gostei mesmo antes de saber que geneticamente tenho uma percentagem nórdica (ou assim diz o meu teste de ADN), mas depois de começar a jogar é que vi que a capa do livro não era a melhor maneira. Só que antes de falar de Niffelheim tenho uma pequena obrigação educativa para vos explicar o que é Niflheim.

Esqueçam tudo o que aprenderam nos filmes do Thor sobre religião nórdica ou os seus meandros, se querem mesmo saber sobre isso aconselho vivamente “Norse Mythology” por Neil Gaiman que é educativo e entretém equilibradamente. Niflheim ou Niflheimr é um dos nove mundos (Ásgarðr, Vanaheimr, Álfheimr, Miðgarðr, Jötunheimr, Múspellsheimr, Svartálfaheimr, Niflheimr, Niðavellir) que estão ligados pela árvore Yggdrasil em que cada um tem os seus próprios habitantes e natureza. Niflheim é o reino de gelo e frio, onde reina Hel a filha de Loki e para onde vão os mortos que não morreram valorosamente em batalha porque esses têm reservado um lugar na mesa de Odin em Valhalla. No fundo, é o que os católicos chamariam de inferno mas sem as conotações demoníacas. Hel tinha o corpo literalmente dividido a meio, parte bela e jovem e outra putrefacta e horrível, diz a lenda que todos os mortos se apresentavam a ela para serem julgados, se passavam a eternidade nas zonas mais frias do mundo ou nas mais quentes e próximas de Múspellsheimr, o reino do fogo e calor, dependiam da face com que ela os recebia.

Este jogo pega nessa ideia e coloca-nos nas mãos um guerreiro que injustamente é colocado em Niflheim. Apesar de ter uns componentes de hack and slash a maior parte do tempo é passada numa perspectiva RPG/Survival. Depois de escolher o nosso personagem temos que explorar, recolher recursos para construir defesas e equipamentos melhores, de modo a que possamos explorar mais, recolher recursos melhores e construir defesas e equipamentos melhores. Exploramos masmorras e atacamos outros habitantes do mundo para saquear os seus bens, tal como na vida que deixámos para trás. Nada de novo, sem ser talvez o ambiente em que nos encontramos, não obstante é agradável de jogar sendo o meu aspecto favorito, o design.

Neste campo Niffelheim tem três aspectos que me fizeram sorrir enquanto jogava. O primeiro é o aspecto de desenho mais realista mas ao mesmo tempo com uma essência de fantasia. O outro aspecto é o da animação, talvez não propositado, em que os movimentos são quase como o de fantoches de papel, com movimentos comicamente desengonçados que contrastam com o ambiente frio e hostil do jogo. Finalmente, às cavalitas da animação temos uma pequena tridimensionalidade num mundo 2D que ajuda essa ilusão de estarmos numa peça de teatro de teatro infantil. Não fosse a quantidade enorme de monstros, esqueletos e sangue que abundam no jogo.

Niffelheim é fácil de jogar, rapidamente nos deixamos cair nos seus braços gelados e hostis, tentando fazer com que o nosso personagem seja mais duro, mais forte, e chegue ao grande salão de Valhalla onde poderá desfrutar da companhia dos outros valorosos guerreiros até a chegada do Ragnarok.