Caçada Semanal #198
Antes de mais, falemos de Beto Acosta. Por muita estranheza que vos surja em verem aqui num dos nossos artigos de descoberta de jogos indie o tema do futebol vir ao de cima, a realidade é que depois de passar algumas semanas em torno de jogos de alguma forma ou de outra “velhos”, não deixei de me lembrar que nem sempre a idade aparente é atestado do que quer que seja.
Falando do famoso ponta-de-lança argentino, para muitos considerado velho quando ocupava o banco do Sporting na época (e que confusão me faz o facto de tanta gente apelidar Acosta de velho quando ele tinha à época a idade que eu tenho agora). Um jogador veterano que acabaria por se demonstrar fulcral na conquista do Campeonato Nacional que nos escapava há quase duas décadas.
Os indies do qual falamos hoje têm esse condão: o de já terem sido lançados antes de uma forma ou de outra, mas mantendo a mesma frescura de sempre.
Braveland Trilogy [PC, Switch]
Sequioso de RPGS por turnos e investido no mercado indie, acabei por ir comprando os 3 jogos Braveland que foram sequencialmente surgindo no Steam. Braveland e Braveland Wizard, ambos de 2014, e Braveland Pirate, de 2015, são três jogos baratos (facilmente os compram a todos por poucos euros em alguma das Promoções sazonais) que me encheram as medidas como um Heroes of Might and Magic Heroes levezinho, para ir depenicando no meio de uma refeição mais substancial.
O seu ar cartoonesco e a simplicidade visual e mecânica pareciam gritar “mercado mobile” desde que o primeiro título surgiu, e foi aí onde encontraram o seu habitat natural e primário. Vê-lo recondicionado numa versão Braveland Trilogy e lançado para Switch acaba por não ser uma surpresa.
A linha onde cada um dos três jogos se movimenta é comum a todos, diversificando apenas o setting onde a acção se desenrola. Temos uma visão de mapa alargado, quase jogo de tabuleiro, onde as várias missões surgem. E é dentro delas que encontramos a raison d’étre de todo este jogo, a de ser uma versão zero porcento de açúcares do clássico mobile da Ubisoft.
Com um modo PVP local, três histórias/jogos distintos de cerca de 6 horas cada um, e exércitos totalmente customizáveis, Braveland Trilogy é perfeito para quem quiser jogar uma versão depurada de um RPG por turnos com áreas de combate hexagonais. Não vai mudar de forma alguma a vossa vida, mas vão conseguir ter aqui muitas horas de entretenimento.
ToeJam & Earl Back in the Groove [PC, Switch, Mac, Linux, Xbox One, PS4]
Apesar de não ter sido à época um grande fã dos dois títulos de ToeJam & Earl na Mega Drive, acabei por comprá-los por tuta e meia no Steam quando lá foram lançados, pelo grande valor nostálgico da série. E apenas isso.
Quando soube que uma campanha de sucesso de crowdfunding tinha sido levada a cabo fiquei ainda mais surpreendido. ToeJam & Earl podiam ser parte da memória de muitos jogadores de Mega Drive, mas não o via com capacidade para amealharem meio milhão em crowdfunding, mas a realidade é que o fez.
ToeJam & Earl Back in the Groove surge então fruto dessa campanha de Kickstarter, quatro anos depois do seu financiamento.
A impressão que eu tinha do original mantém-se neste ToeJam & Earl Back in the Groove já que é uma sequela literal do primeiro jogo. Tudo aquilo que nunca me fez sequer chegar perto dele está aqui presente neste jogo de 2019. A aleatoriedade de tudo, num jogo que é uma trip aleatoriamente gerada de ilhas verdes flutuantes onde temos de encontrar presentes e fugir de inimigos. Com elementos non siquitur que se estranham, mas que infelizmente, pelo menos para mim, nunca se entranham.
A fidelidade aos 1990s é outro aspecto curioso, com a sua estética que nos dias de hoje roça o naif de cores simplistas, a raspar nos cartoons da época. E é isso. Quem o adorou originalmente vai gostar imenso desta sequela. Quem nunca jogou, ou não gostou, não vai passar a gostar.
Fenimore Fillmore: 3 Skulls of the Toltecs [PC]
Aventuras-gráficas. Longo parágrafo em que falo do facto de ser provavelmente o meu género favorito, e que o Rubber Chicken até deve o seu nome a um dos jogos do género, e coisas. Fim de parágrafo.
3 Skulls of the Toltecs foi lançado originalmente em 1996, já na fase final da onda gerada pela propulsão da LucasArts e da Sierra. Tive a oportunidade de o jogar numa verdadeira febre de experimentar tudo o que me aparecesse do género na viragem do milénio (quando a maioria dos jogadores de PC já babava com FPS), e lembro-me que apesar da temática western pouco ou nada me ficou. Seria por acaso um FPS de cowboys da LucasArts aquele que mais me ficou na memória, só por ironia desta conversa.
Mas voltando a Fenimore Fillmore, que vê-se visualmente refeito para os dias de hoje: apesar de ser um clássico desconhecido, parece-me que poucos argumentos existem para justificar o seu investimento. Dois dos três elementos fulcrais de uma aventura-gráfica, neste caso, argumento e puzzles, não são especialmente memoráveis.
Diria que Fenimore Fillmore: 3 Skulls of the Toltecs teria outra oportunidade se a reboque da actualização visual os seus criadores decidissem quebrar com os formatos antiquados de ter as acções separadas por verbos, e se para além disso colocassem os actualmente simpáticos botões de highlight de interacções. É que com exemplos verdadeiramente geniais de jogos como Trüberbrook, é muito difícil de recomendar os 9,99€ que os Casual Brothers pedem por este remake de 1996.