Já o perguntava há mais de dois anos, quando jogámos o antecessor de Fate/EXTELLA LINK, e volto a perguntar: afinal porque é que gostamos assim tanto de jogos tipo Warriors ou Musou? Acho que a resposta é simples: porque há algo de verdadeiramente relaxante em exercitar os polegares num button mashing frenético, vendo centenas e milhares de inimigos a irem literalmente pelos ares. No tempo que leva a um fã de jogos soulsborne a derrotar um ou dois foot soldiers, um fã de jogos musou já derrotou o equivalente a um décimo das pessoas que estavam na fila do último concerto de Metallica no Estádio do Restelo*.
Desde que falei em Fate/EXTELLA: Umbral Star há uma coisa que não mudou: é que esta série de visual novels/manga/anime, com spinoffs em fighting games e em dungeon crawlers que continua a ser desconhecida para mim para lá das fronteiras deste spinoff hack ‘n slash intenso.
Fate/EXTELLA LINK conta com um novo protagonista, Charlemagne, ou Carlos Magno para os amigos, a viver uma história aparentemente complexa e cheia de linhas de texto dramatizados com todos os clichés possíveis das visual novels. Mentir-vos-ia se dissesse que estava a dar mais atenção ao enredo do que dei realmente, o que até parece irónico da minha parte já que a capacidade de contar uma boa história é um dos elementos que mais valorizo em qualquer obra cultural.
Mas convenhamos, Fate/EXTELLA LINK é um cruzamento de visual novel (e nem é daquelas que nos agarra aos próximos capítulos como um bom livro) de hack ‘n slash onde o enredo é apenas uma desculpa para se ter algo para preencher os espaços vazios entre os minutos em que se está a brandir a espada para todos os lados como formigas levadas por uma ventoinha.
O que importa, no final, é mesmo a capacidade de Fate/EXTELLA LINK nos entreter com o seu combate, e aí, de forma despudorada, consegue trazer-nos para o que de melhor os jogos nipónicos sabem fazer.
Nesta sequela a Umbral Star é introduzido o sistema Moon Drive, activável após enchermos uma barra de energia própria, que para além de nos dar um buff de poder pode ser “explodida” com um grande ataque especial que derrota tudo num raio considerável à nossa volta.
Com algum grind pelo caminho, acabei por gostar da decisão mecânica de Fate/EXTELLA LINK nos permitir deixar dinheiro para fazer level up aos personagens que não usámos, permitindo que eles se equilibrem em relação ao patamar de poder dos nossos favoritos.
Dentro deste pacote de jogo estão centenas de milhares de inimigos e muitos mini-bosses e bosses pelo caminho das menos de vinte horas que demora a percorrer a sua campanha, numa história que admitimos sem grandes críticas que é mais flavour do que substância e que ainda tem 26 personagens desbloqueáveis pelo caminho. Uma das surpresas neste pacote é mesmo a inclusão de um modo multiplayer de 4×4, que estende de forma curiosa a vida deste hack ‘n slash para além da sua vida single player.
A par do seu antecessor, Fate/EXTELLA LINK não vai de todo mudar a minha vida, e é muito provável que daqui a uns meses já nem me lembre que o joguei (como aconteceu a Umbral Star). Mas estaria a mentir se não admitisse que consegui divertir-me e relaxar com toda a sua acção over-the-top, tal e qual qualquer jogo de Dynasty Warriors me faz. À excepção do último, é claro.
* a comparação numérica é a única que me apraz fazer ainda meio traumatizado com a falta de organização e condições que vi no Estádio do Restelo, especialmente com o verdadeiro ninho de possíveis desastres que é conduzir as dezenas de milhares de pessoas do público por uma única entrada.