Caçada Semanal #204
Não sei se eu, o João Machado, ou o nicho de leitores do Rubber que tem curiosidade sobre os jogos que enunciamos nas nossas caçadas semanais de indies é que estarão mais surpreendidos: depois de termos tido meses e semanas com múltiplos artigos sucintos dos jogos indie que temos jogado, estamos há mais de um mês sem redigir nenhum.
Para tirar a barriga de misérias em termos de busca pelos indie, temos 3 proposta distintas, quase todas elas com um pendor narrativo à sua maneira.
Golden Treasure: The Great Green [PC]
Apesar de muitos o descreverem como um RPG (e de incluir elementos de RPG, mas sobretudo de choose your own adventure), na sua essência Golden Treasure: The Great Green é uma visual novel ocidental, numa história de fantasia que nos coloca sob as escamas de um dragão. O prólogo, que enquadra o mundo onde estamos, serve de definidor dos nossos atributos, e das nossas afinidades com os elementos.
Paralelamente ao sistema altamente narrativo do pendor visual novel, há a definição de momentos de quase estratégia, em que temos de ir caçando para manter a nossa energia, combatendo e escapando das aproximações dos humanos (ou os sem-cauda, como o mundo os conhece) para territórios contíguos.
Apesar das dificuldades inerentes (e de eventualmente termos de morrer umas vezes), o nosso objectivo é conseguir sobreviver o suficiente até sermos dragões adultos com todo o poder que isso acarreta.
Golden Treasure: The Great Green é uma excelente abordagem a um género normalmente demasiado fechado sobre as suas próprias fórmulas, e que abre caminho à criatividade e adição de elementos sobre uma linha contínua narrativa.
Lovely Planet: 2 April Skies [PC]
A sequela directa do jogo de 2014 do estúdio QUICKTEQUILA já por aqui anda (e entre os dois houve tempo para 2 spinoffs), a distribuir mais uma vez doses açucaradas de fofura naquele que é provavelmente o FPS menos agressivo de que há memória.
Em Lovely Planet 2: April Skies voltamos a atravessar níveis curtos que colocam a nossa perícia em plataformas na primeira pessoa à prova, já que cada percurso é um verdadeiro puzzle que exige que derrotemos todos os inimigos vermelhos antes de podermos passar com sucesso a meta.
O desafio crescente torna-se cada vez mais evidente à medida que progredimos nos mundos de Lovely Planet 2. Os mais de 100 níveis tornam a experiência desta sequela do magnífico Lovely Planet como uma aposta mais do que segura.
Road to Guangdong [PC]
Lembram-se de Jalopy? Um jogo indie que nos impressionou pela forma contida como nos fez observar a queda do muro de Berlim sob um prisma completamente novo, e que foi um dos finalistas do Poulet D’or 2017? Da mesma editora (mas não do mesmo estúdio) chega-nos um jogo muito semelhante: Road to Guangdong.
As semelhanças entre os dois são demasiado óbvias. Da direcção artística low poly com uma paleta de cores pastel, passando pelas mecânicas de manutenção do carro que podem acarretar o nosso falhanço em conseguir cumprir o objectivo principal de Road to Guangdong: atravessar a China numa road trip com a nossa tia para visitarmos a família e pelo caminho salvarmos o seu restaurante.
Dentro das óbvias semelhanças, a grande diferença (e que diferença que ela é) passa pela adição de muitos NPCs com os quais podemos interagir e conversar, estendendo a componente narrativa que conhecemos em Jalopy (que se resumia a nós e ao nosso tio) e que aqui ganha uma amplitude completamente diferente.
Ainda em Early Access, há porém um longo caminho a percorrer (trocadilho não intencional) para conseguir chegar ao nível de profundidade e coesão de Jalopy. Neste momento ainda não é o Jalopy 2 que todos esperamos, mas quem sabe o que o futuro ditará para este sucessor espiritual?